ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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19.4.13
Faça-se a justiça de dizer que as raízes dessa destruição já vem de
antes. Cavaco, Barroso, Santana Lopes e Menezes ajudaram muito a um
processo simultâneo de aparelhizaçao e descaraterização política do
partido, que de um modo geral actuam em conjunto. Perda de identidade
política-ideológica, de modo a abrir caminho a todas as manobras de
sobrevivência do aparelho e às suas carreiras, é um processo que caminha
a par e par. A tentação que Loureiro passou a Cavaco de um discurso de
back to basics, de "Deus, Pátria e Família", o culto de personalidade
pessoal do "menino guerreiro", a displicência de Barroso e Lopes com um
PSD classificado como de "direita", são precursores do processo de
revisão constitucional de Teixeira Pinto / Passos Coelho, e do abandono
flagrante de toda a tradição social-democrata no PSD de Passos.
Tudo se
abandonou: desde a noção meta-política da "dignidade humana", ao valor
ético do trabalho, substituídos por um discurso economês e uma prática
de voltar costas à classe média, esteio do partido, e ao seu core de
self made man, entregues ao desemprego estrutural, à destruição do
tecido das pequenas e médias empresas, e a todos os mecanismos que
deveriam garantir, na tradição social-democrata, a mobilidade social para
cima e não o empobrecimento para baixo. Se se tratasse apenas de
identificar um processo tido como inevitável, ou uma impotência de
momento, não se admitiria, mas compreenderia. Mas não, este
"ajustamento" é visto como uma simultânea punição da classe média e um
instrumento de "libertação" da sociedade que nada mais é do que uma
co-gestão governativa com a troika e a banca, cuja única racionalidade é
a interiorização dos interesses dos credores. Do programa genético do
PSD, ou da sua tradição com origem a Sá Carneiro, já quase que não há
nada no topo do partido. Estamos no período do "programa da troika é o
programa do PSD", como disse Passos. Mas não é.
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© José Pacheco Pereira
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