ABRUPTO

11.1.13



MARQUES JÚNIOR 

Marques Júnior era uma espécie rara de pessoas a que chamamos “homens bons”. Não há muitos e nem todos os que existem podem exercer a sua “bondade” no plano cívico. À sua volta criam uma forma rara de bem-estar, uma dissipação do conflito, uma acalmia que não é apatia, porque tem direcção e sentido. Eu sei disso, porque não pertenço á espécie e por isso percebo-os de imediato pela diferença. Não penso que o mundo deva ser apenas construído por esta “bondade”, não acredito nisso pura e simplesmente, mas que ela faz falta, faz. Poucos dias antes de Marques Júnior falecer falei com ele e, durante 2012, pude partilhar as suas preocupações e as suas mágoas com a nossa tragédia nacional, o PS, o modo como os nossos serviços de informações estavam a ser destruídos pela cupidez de poder e pela ignorância. E talvez, por eu próprio não ter a sua espécie de “bondade” custou-me particularmente o exercício de hipocrisia feito na hora da sua morte por alguns que exactamente mais o magoaram e preocuparam nos últimos tempos da sua vida.

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© José Pacheco Pereira
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