ABRUPTO

1.12.12


ESQUERDA MOLE, ESQUERDA DURA E ESQUERDA VIOLENTA (2): A MOLE


4. Comecemos pela esquerda mole, ou seja o PS. Sem o PS nada se faz, com o PS nada se faz, este é o dilema dos que querem pensar ou “trazer” o PS à esquerda, o que é a mesma coisa. O PS tornou-se antes de tudo, como o PSD, numa partidocracia de governo, que não conhece outras regras que não seja manter os lugares, carreiras, território e influência partidária. Não existe nem identidade política, nem ideológica, nem sequer a expressão de interesses sociais e isso verifica-se numa altura em que a crise atinge profundamente as bases sociais dos dois partidos e acaba por não ter expressão no topo. A lógica do topo é apenas a da partidocracia e por isso misturam-se com o establishment que servem, e absorvem todo o pensamento balofo que para aí circula. A geração de Seguro e de Passos Coelho nos partidos, transporta consigo uma enorme necessidade de respeitabilidade, eles sabem que os de cima com quem lidam, não os respeitam, e os de baixo os não consideram, e por isso são pouco mais do que interpretes do mainstream dos interesses já estabelecido. 

5. Por isso, o PS é a grande dificuldade de toda a esquerda, porque no fundo quem chega á sua direcção não é de esquerda, como quem chega à direcção do PSD, não é social-democrata. Entalado entre o silêncio incomodado de Seguro sobre Sócrates, o PS é sempre presa fácil para a propaganda governamental e para a sua “narrativa” da crise. Por outro lado, se assumisse o “socratismo”, institucionalizaria um keynesianismo corrupto, pragmático, e oportunista, tão desertificador como a actual indecisão estratégica e fala-baratismo táctico. Vai ser difícil sair disto. 

(Continua.)

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© José Pacheco Pereira
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