ABRUPTO |
![]() semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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1.7.12
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ERA TÃO BOM SE SE ACABASSE COM A POLÍTICA
O PCP anunciou uma moção de censura e caiu-lhe meio mundo em cima. Olha o atrevimento! Ainda por cima porque a “moção não serve para nada”, porque existe uma maioria parlamentar sólida. Tudo isto está a ser dito por partidos que, todos eles, sem excepção, apresentaram moções de censura que se sabia também “não servirem para nada”. (Aliás só uma "serviu" para alguma coisa, dando a primeira maioria absoluta de sempre a Cavaco Silva.) Mas, mesmo assim, fizeram-no, por razões aliás pouco diferentes das do PCP: significa um acto de afirmação política, um momento suplementar de atenção dos media, e um confronto identitário. O PS a seu tempo também o vai fazer nesta legislatura, e também não vai “servir para nada”.
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O PCP vive da conjugação entre uma acção tribunícia, com os seus efeitos de propaganda, identidade e afirmação, e o seu papel na protecção da sua “clientela” eleitoral, nos sindicatos e nas autarquias. Por e para isso usa a moção como instrumento. Convém não esquecer nunca aquilo que muitos comentadores esquecem quando referem o PCP: ele não está a falar para todos nós, ele não pretende que a sua “mensagem” nos chegue, porque conhece os seus limites. Ele está a falar para um dos poucos grupos políticos com uma forte identidade não apenas de pertença mais ou menos clubística, mas social. Enquanto os partidos como o PS e o PSD são partidos em que a representação social é difusa e transversal, no PCP sabe-se muito bem quem são os “seus” e o que é que eles precisam do PCP. O PCP nesta fase de defesa, mais do que de ataque, pisa só o solo que melhor conhece.
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© José Pacheco Pereira
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