ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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10.3.12
GURUS E PROPAGANDISTAS
(Continuação de aqui. )
Se tivessem feito aquilo que hoje parece ser anti-“gastador” continuavam a viver em casa dos pais, tinham amealhado uns escassos milhares de euros, e hoje estariam na mesma, já sem as poupanças, sem a casa e na mesma com um duro corte nos rendimentos e sem emprego. Ah! dizem os nossos propagandistas, aqui está aprova de que “viviam acima das suas posses”, e agora estão voltam pela “moralização” que o governo está a fazer ao estado natural dos seus rendimentos, ou seja vão a caminho de serem pobres. Talvez valha a pena lembrar que uma decisão racional tomada nos anos oitenta ou noventa, era tomada por aquilo que era o “mundo” na altura e presumo que o determinismo histórico não chega ao ponto de considerar que os “produtos tóxicos” fossem uma inevitabilidade da história. Havia sinais de risco, mas cabia em primeiro lugar aos decisores interpretá-los e tomar cautelas. Esses sim decidiam “acima das suas posses”.
Ah! dizem os nossos gurus do empreendorismo, deviam ter ido para o “privado”, talvez fazer uma pequena empresa, e se o tivessem feito, o mais provável seria estarem na mesma situação ou pior e muito mais endividados. Ah! Diriam os mesmos gurus, mas teria que ser no sector exportador, ou apostando na “inovação”, depois de um profundo estudo do mercado. Sim, sim, nem uma em mil sobreviveu, e as reportagens televisivas de há anos estão cheias de empresas muito “inovadoras”, apontadas como exemplo e já mortas e enterradas. Isto é o mesmo que dizer às pessoas comuns que devem ser absolutamente brilhantes para serem a excepção à regra. Não é uma injunção democrática, nem meritocrática, é uma patetice social. Não era e não é uma decisão racional. Nem cá, nem nos EUA.
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© José Pacheco Pereira
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