ABRUPTO

18.12.11


PORTUGAL SEGUNDO ZENÃO DE ELEIA
É impossível atravessar o estádio; porque, antes de se atingir a meta, deve primeiro alcançar-se o ponto intermédio da distância a percorrer; antes de atingir esse ponto, deve atingir-se o ponto que está a meio caminho desse ponto; e assim ad infinitum.

Em 2010,  disseram-nos que a crise acabaria em 2011 e que este iria ser o "ano mais difícil". Em 2011, disseram-nos que a crise iria durar até 2012 e que este iria ser o "ano mais duro". Em 2011, disseram-nos que a crise acabava em finais de 2012. Em 2011, disseram-nos que a economia iria começar a recuperar em 2012. Em 2011, disseram-nos que, como sacrifício, bastava metade do subsídio do Natal. Em 2011, disseram-nos que afinal não bastava e que era preciso cortar os subsídios de férias e de Natal em 2012 e 2013. Em 2011, disseram-nos que era preciso cortar os subsídios de férias de Natal enquanto durasse a intervenção externa, que duraria só até 2013. Em 2011, disseram-nos que a intervenção externa iria durar pelo menos até 2014. Em 2010 e 2011, disseram-nos que não eram precisos mais impostos. Em 2011, disseram-nos que os impostos em 2011 seriam extraordinários e limitados a esse ano. Em 2011, disseram-nos que afinal os impostos só deverão baixar em 2015. Já vamos em 2015. Estamos no fim de 2011. Medidas de austeridade foram tomadas desde 2008, repetidas em 2009, mas nesse ano, como era de eleições, andou-se para trás e para a frente. Novas medidas de austeridade foram de novo repetidas em 2010, e sofreram um aumento exponencial em 2011. Já lá vão o PEC1, o PEC2, o PEC3, e o extinto PEC4. 

O "ano mais duro" é por regra o próximo, a salvação vem no ano seguinte ao "mais duro". Tenho a certeza absoluta que em 2012 nos vão dizer que o pior ano vai ser o de 2013, e que a salvação só no ano de 2014 ou 2015, ou 2016. Talvez fosse bom começar a pensar em 2020.

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© José Pacheco Pereira
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