ABRUPTO

23.12.11


 DEZ DESGRAÇAS (5)



Quinto: Salazar dizia que aquilo que parece é. Sócrates também, e deixou o país pintado daquilo que “parecia” e não daquilo que era. Mas o reino das aparências continua pujante. Por exemplo, os partidos políticos continuam a ser o mecanismo mais seguro de empregabilidade para jovens, adultos e seniores em Portugal. Nenhum outro funciona tão bem em termos de ausência de qualificações profissionais, oportunidades de emprego e carreira. O partido hoje no poder fez mais uma vez o mesmo que fez o que estava antes. Durante meio ano endromina, é a palavra correcta, a opinião pública com decisões de transparência, novas leis, exigência de concursos, imparcialidade politica na escolha das “competências”, e, depois desta imagem estar estabelecida, faz o mesmo que todos fizeram antes. Já passaram seis meses, o escrutínio é menor, a imagem está feita, tudo pode continuar como habitual. Nos assessores, nas escolas, nas artes e cultura, nos hospitais, nos escritórios de consultores ou de advogados, etc., etc. Quem é que disse que a tradição já não é o que era?

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© José Pacheco Pereira
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