ABRUPTO

3.12.11


COISAS DA SÁBADO: PROPORÇÕES (4) 

Onde há muito tempo há situações de violência bem mais graves, admitidas como normais e com indiferença, é no futebol. Mais uma vez essa violência manifestou-se às claras nas ruas, com os exércitos ululantes das claques a exporem os seus torsos nus acompanhados de gestos obscenos e gritando impropérios aos adversários. Se algum aparecesse desprevenido numa esquina levava uma tareia logo e é por isso preciso mobilizar centenas de polícias (e não só os oitenta da Assembleia) para encurralar os cortejos guerreiros na sua “caixa” própria. 

A retórica agressiva dos dirigentes desportivos e a hipocrisia das lamentações quando há excessos é revoltante porque se percebe com clareza que são eles, primeiro e antes que tudo, que fomentam um ódio tribal que depois a massa consumidora da cerveja e do cachecol, materializa nas ruas. Tudo desta vez culminou num incêndio num estádio, que teve alguma dimensão porque as imagens do fogo são sempre espectaculares, e no enésimo ataque a uma casa de um clube de Lisboa que está sediada em território inimigo. Como estes energúmenos que ameaçam, agridem, partem, roubam, incendeiam, tudo em nome de um clube de futebol, continuam a poder ir aos jogos continuar a sua actividade e a polícias e as autoridades fecham os olhos e balbuciam quando a violência é do futebol, não admira que depois subam pelas paredes acima quando a violência lhes parece “política”.

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© José Pacheco Pereira
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