ABRUPTO

25.11.11


O MUNDO QUE ESTAMOS A CRIAR (2) 


A maior das ilusões que está na essência da propaganda governamental, e que identifica quem a repete como um propagandista, é que o que se está a passar representa um plano reformista de “mudar o estado”, “mudar a sociedade”, e, infinita arrogância, “mudar de vida”. Quando ouço dizer que “temos que mudar de vida” apetece-me puxar da pistola que pulveriza os repetidores de slogans, mesmo sabendo que estamos a “mudar de vida”, estamos a empobrecer. 

Não, não estamos a “mudar” nada, conforme um plano, conforme uma ideia estruturante, conforme um ideal político ou ideológico, ou sequer uma concepção do estado e da sociedade. Estamos pura e simplesmente em estado de pura necessidade a cortar despesas, poucas vezes com discernimento, a maioria das vezes à bruta, sem medir que as consequências podem sair bastante mais caras. Estamos, pura e simplesmente, nas mãos dos nossos credores mais benévolos, e em risco de cair nas mãos dos menos benévolos. Estes só mandam ocasionalmente dar um murro, os outros fazem a colecta à força de partir ossos e, para dar o exemplo, não se coíbem de despachar um devedor para o outro mundo. É a diferença entre credores benévolos e credores da mafia, a única motivação racional da vida política portuguesa.

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© José Pacheco Pereira
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