ABRUPTO

30.10.11


PARA QUE SERVE O PS? 
 
Por muito difícil que seja estar na oposição e fazer oposição, duas coisas distintas que nem sempre estão juntas, nem por isso a visão de um PS a arrastar-se em incongruências, inconsequências e minudências, deixa de ser patética. E suspeita, porque é legítimo pensar-se que algum pacto existe entre os amigos que fizeram carreiras políticas semelhantes nas jotas e no Instituto de Juventude, sempre sob o signo da "mudança geracional", ou seja o poder para eles próprios, "políticos profissionais", com um vasto conhecimento de como se chega ao poder no interior dos partidos e igualmente vasto desconhecimento do mundo lá fora.

Se Seguro entende que a sua sobrevivência no PS justifica ir, mais cedo ou mais tarde, para uma grande coligação que sustente as enormes dificuldades dos anos de empobrecimento que aí vêm, deve dar de imediato sinais disso. Não é grande motivo para o fazer, mas sabemos até que ponto ele conta neste tipo de lideranças moldadas pelos hábitos das jotas e das carreiras internas.

Esta "oferta" colocará a actual coligação numa situação difícil para lhe dizer que não, visto que anda todos os dias a pedir "responsabilidade" ao PS para se comprometer com o orçamento e não se vislumbra maior responsabilidade do que aceitar participar na governação em períodos de extremas dificuldades. O PSD precisa do PS para mudanças constitucionais, o que nalguns casos é melhor caminho do que estar a colocar o Tribunal Constitucional sob a chantagem de fechar os olhos, em nome da crise, para deixar passar medidas claramente inconstitucionais. Para além disso, tal acto seria saudado com grande unanimidade nacional pelas "forças vivas" da nação, do Presidente à CIP, e então é que o nível do "medidor de responsabilidade" de Seguro subiria aos píncaros.

Se o PS significasse hoje alguma coisa mais do que estas estratégias de sobrevivência pessoal e de grupo aparelhístico, até eu saudava a iniciativa, porque, quanto maior for o reforço da governação numa altura de enormes dificuldades, melhor. Mas hoje uma solução deste tipo só reforça António José Seguro que, como vice-primeiro-ministro, poderia "segurar" o PS, em contraste com este continuar numa senda errática que não agrada a ninguém e é inútil para a vida pública portuguesa. Nem o PS se comporta como partido de oposição no contexto do seu acordo com a troika, coisa perfeitamente possível de fazer, se se tiver saber, arte, vontade e convicção, nem é fiável como suporte parlamentar do governo nas votações decisivas que são "dadoras" de legitimidade às políticas, visto que de votos a coligação não precisa.

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© José Pacheco Pereira
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