ABRUPTO

29.10.11


COISAS DA SÁBADO  : A REACÇÃO AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA…


… mostra muito do que está mal hoje na sociedade portuguesa e a facilidade de mobilização dos coros que não só cantam em conjunto como pretendem abafar ou pôr em causa a voz dissonante. E um velho ódio hipócrita que muitos no PSD têm a Cavaco Silva, que não é dos “deles”, vem ao de cima com a mesma facilidade, agora associado ao servilismo face ao poder para quem que dá sempre jeito mostrar serviço.

Muito bem, concedo à partida que o Presidente não devia ter falado na porta, mas isso é folclore, porque se tivesse falado lá dentro, no Congresso dos Economistas, caía igualmente o Carmo e a Trindade. Se o Presidente, que ninguém suspeita de desconhecer a importância de se cumprir o acordo com a troika, entende que é possível lá chegar por outro caminho menos conflitual, mais justo e mais equitativo, não o pode dizer? E não só pode, como deve dizê-lo quando reage não apenas a puras medidas de governação, mas àquilo que ele entende serem violações de princípios que transcendem a mera governação, mas que remetem para valores de que, como garante da Constituição, é o fiel depositário? 

Mas, mesmo achando que é fundamental cumprir o programa acordado, sabendo que ele significa sempre austeridade e empobrecimento para os portugueses, por que raio é que temos todos de assinar de cruz as propostas do governo? Porque são indiscutíveis? Porque são o único caminho? Por que o governo nos diz isso? Porque favorecem interesses que permanecem intocáveis e que usam a ideologia para garantir políticas a seu favor? Esta agora! Só falta dizer que são traidores á pátria.

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© José Pacheco Pereira
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