ABRUPTO

21.10.11


COISAS DA SÁBADO: POLÍTICA E POLÍCIA


 Que Sócrates e o PS conduziram uma política que merece o epíteto metafórico de criminosa, sobram-me poucas dúvidas. Desde muito antes dos seus actuais críticos mais loquazes, pelo menos desde 2006-2007, que o escrevo em estado de quase solidão. Não recebo lições de anti-socratismo dos parvenus actuais. Mais: sei o suficiente para entender que, para além das políticas erradas que em muito contribuíram para afundar o país na sua enorme crise actual (matéria sobre a qual também não tenho dúvidas), Sócrates e alguns dos seus amigos, por sua instigação e com a sua conivência, cometeram ilegalidades várias e, muito provavelmente crimes mesmo, que justificariam ser levados a tribunal.

Mas aí Sócrates obteve cobertura política, inclusive de quem está hoje no poder no PSD, que não quis levar até ao seu termo, por exemplo, o inquérito à tentativa de controlar a TVI, ou que sempre o defendeu do que considerava serem “ataques pessoais” no caso Freeport. Ou, pior e mais grave ainda, beneficiou da incompetência, para não dizer pior, da nossa justiça que deixou manchados processos como o do Freeport, que abortou com a surrealista afirmação por parte dos procuradores que se consideraram impedidos de fazer todas as perguntas ao Primeiro-ministro que abririam qualquer interrogatório a um comum cidadão envolvido em caso semelhante. Tudo isto contribuiu para criar uma sensação de impunidade, que também alimenta o fogo actual da “criminalização”, mas trata-se de matérias diferentes e que devem permanecer diferentes. Uma biografia e uma história destes tempos fundirão numa mesma pessoa esses actos, mas eles não podem numa democracia ser tratados da mesma maneira. 

(Continua.)

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© José Pacheco Pereira
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