ABRUPTO

5.10.11


COISAS DA SÁBADO: A GERAÇÃO DOS POLÍTICOS PROFISSIONAIS 

Uma interessante entrevista no Expresso a “uma figura em ascensão no PS”, João Ribeiro, um “jovem” com 35 anos, representa uma defesa da “profissionalização” da política que exprime muito bem o que pensa a actual geração de dirigentes políticos oriundos das “jotas”: Passos Coelho, Relvas, Seguro. A ideia é antiga e já foi defendida por vários “jotas”, como sendo mais “transparente” e mais vantajosa para sa vida pública do que a existência de políticos que tem actividades profissionais e acumulam essas actividades com a participação em governos, na assembleia ou em cargos electivos. 

Há porém um pequeno problema que, quem conheça os “jotas” que não tem actividade profissional que não seja a política (ou que tiveram uma breve profissão  com um estatuto muito inferior ao que tem na política), é que sendo aquela a sua profissão precisam desesperadamente de não ser despedidos. Para não serem despedidos precisam que o patrão, o aparelho partidário, ou uma personalidade que os apadrinha, nunca os deixe cair. Não tem por isso a liberdade fundamental em política: dizer que não. 

Tornam-se especialistas em manobrar o sistema de apoios e alianças necessários para, de legislatura em legislatura, irem a deputados, ou, de eleição em eleição, irem a vereadores ou serem assessores de qualquer coisa. Têm que estar sempre de bem com os que lhes dão os lugares, serem mais papistas do que o papa nos rituais de obediência partidária ou de intriga que explicam os sucessos da vida partidária. Como são profissionais, ou seja não tem outro emprego, não podem dar-se ao luxo de terem opiniões próprias, de serem “indivíduos”, mas apenas funcionários que, como não podem perder o emprego porque não tem outro, encarnam quase sempre os piores defeitos da vida política.

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© José Pacheco Pereira
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