ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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28.10.11
COISAS DA SÁBADO: COMO É QUE NASCE O CONFLITO?
Os motivos mais próximos que podem acender o conflito social são conhecidos e têm sido discutidos: corrupção impune dos poderosos, desigualdades manifestadas na distribuição dos sacrifícios, sentimento de injustiça individual ou colectiva. A falta de perspectivas para o futuro não é por si só factor de revolta. Revoltar-se é uma forma de optimismo, por muito pessimista que se seja quanto aos resultados dessa revolta. A parede que parece imutável dos padecimentos nacionais tem sido mais um factor de apatia do que de revolta, mas não chega para a evitar se os governantes continuarem a atiçar o pavio já muito curto do barril de pólvora.
Como é que nasce o conflito? O que não é directamente politizado por ideias sobre a revolução, a sociedade e as classes, nasce da zanga individual. Ou da zanga colectiva interiorizada como zanga individual, mas sempre com uma componente individual, sentida, subjectiva. A zanga política mobiliza os nossos pretendentes a black bloc, que são meia dúzia e são de pacotilha, mas a zanga individual mobiliza muitos milhares, que a seu modo, nas conversas, nos actos individuais, empurram invisivelmente a comunidade para a violência. E é a zanga individual que pode mudar um PCP e CGTP moderados até agora, para uma actuação mais dura, por exemplo, na greve geral. Ou seja querer fazê-la mesmo a sério, o que faz uma enorme diferença não necessariamente só em número de grevistas, mas na efectiva perturbação gerada.
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© José Pacheco Pereira
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