ABRUPTO

23.6.11


COISAS DA SÁBADO: O DISCURSO DO PODER INTERIORIZADO

Mas que bom o novo governo ter Isto e não Aquilo. Mas se o novo governo tivesse Aquilo em vez de Isto, que bom seria ter Aquilo e não Isto. E por aí adiante. Elogia-se a importância do que se pensa que há, esconjura-se a irrelevância, mesmo o malefício, daquilo que não há. Se fosse ao contrário, elogiava-se na mesma. Como o governo é novo de idade, valoriza-se a juventude. Se fosse um pouco mais velho, valorizava-se o mix de gente nova com homens experimentados. Se fosse ainda mais velho valorizar-se-ia a experiência de gente com gravidade que aceitou, num período de dificuldades, servir o país. O poder de atracção do Primeiro-ministro estaria em todas as análises. Se tivesse mais políticos valorizar-se-ia a experiência da causa pública, como tem mais técnicos, valoriza-se o saber especializado. Se fossem do “meio” elogiar-se-ia conhecerem “os cantos da casa”, como não são do “meio” valoriza-se a ruptura com os maus hábitos instalados. Etc., etc.

Ouvem-se comentários sobre comentários e para além da mais piegas adoração da “situação”, para além do wishfull thinking, podia passar o dia todo e a Sábado toda com este tipo de ladainha que é o discurso do poder interiorizado. Mas que balofice nacional que nos assaltou!

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]