ABRUPTO

17.5.11


NOTAS DE CAMPANHA (4, 5, 6) 


Para além da primeira fractura PSD-CDS-PS, há uma segunda fractura entre o PS e o PSD que tem a ver com a proximidade entre cada partido e o programa do Memorando de ajuda externa. O PSD está muito mais próximo desse programa, daí a acusação do PS de que o desejou para obter, nas imposições externas, a força para implementar as medidas que desejava, mas não tinha capacidade de propor nem de aplicar pela sua impopularidade. 

Por seu lado, o PS não só está mais longe como resiste ao programa do Memorando. Quererá torneá-lo, adiá-lo, evitá-lo e mesmo, nalgumas circunstâncias, não o aplicar.

Esta é a opção que se coloca ao eleitorado (descontando o voto a favor ou contra Sócrates) e é em grande parte intuitiva: quem deseja a resistência ao Memorando e imagina que tal é possível, vota PS; quem percebe que o programa tem um efeito corrector do papel do Estado e é uma espécie de última oportunidade, vota PSD.
[Esta parte do artigo foi transcrita no Financial Times: "(...) the Socialists plan to “sidestep, postpone, evade and, in some circumstances, simply not apply” the bail-out deal. Voters who wanted to “resist [the EU-IMF programme] and who believe that is possible” would vote Socialist, he wrote in a newspaper column. Those who understood that it would have a “remedial impact on the role of state” and was, “in effect, Portugal’s last chance” would support the PSD."]

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© José Pacheco Pereira
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