ABRUPTO

15.5.11


COISAS DA SÁBADO: UM BOM EXEMPLO DA NOSSA SERVIDÃO


Uma das medidas que nos foram impostas é um bom exemplo de como se corre o risco de perder não só a democracia como o escasso resíduo de soberania que ainda sobrava. E este exemplo, de que não vi ninguém até agora falar e é da maior gravidade, é significativo de como os espíritos já estão acomodados e adormecidos: um grupo de funcionários estrangeiros decidiu cortar dez por cento das despesas com as Forças Armadas Portuguesas. Ou seja, decidiu em matéria que seria da mais estrita soberania nacional, na qual o interesse de Portugal como país está presente sem ambiguidades. E muitos dos que estão sempre a bater no peito com a pátria, acham isto a mais normal das coisas. Eu acho absolutamente anormal.

É preciso cortar despesas com as Forças Armadas neste ambiente de restrições? Muito bem, devia ser o governo português a fazê-lo e nunca admitir que fossem estrangeiros a decidir sobre um dos elementos fundamentais da nossa soberania, que é simbólico, mas não é só simbólico como quem sabe, sabe. Não é segredo de Estado que determinados interesses nacionais, incluindo as nossas fronteiras marítimas, precisam de ter lá navios, aviões, helicópteros, submarinos, não para entrar em guerra com ninguém, mas para que determinadas funções nos pertençam por direito próprio e, sendo assim, seja mais fácil reconhecer-nos a posse. 

Eu percebo que para americanos, alemães e holandeses seja absurdo que Portugal possa querer ter forças armadas, mas para Portugal não é. Ou pensam que os pinheiros num pinhal são meus, sem ter lá ninguém a tomar conta deles? É só passar tempo e tudo se torna num baldio.


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© José Pacheco Pereira
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