ABRUPTO

28.5.11


COISAS DA SÁBADO:


O DEBATE : VER

Não pude ver o debate integral entre Sócrates e Passos Coelho, o debate que contava mais para os resultados eleitorais. Vi a parte final, que dizem foi a mais favorável a Passos Coelho, e, mais tarde ainda, vários excertos do debate considerados os jornalisticamente mais relevantes. Seja como for, a minha opinião formou-se rapidamente e sem muitas dúvidas. Se o debate pode ser avaliado como é, em termos de quem ganhou e quem perdeu (uma forma empobrecedora de ver as coisas, mas que corresponde à espectacularização mediática em que vivemos), Passos Coelho “venceu” o debate sob todos os pontos de vista. E mais do que “venceu” por si, Sócrates também “perdeu” por si, e estava, do ponto de vista da postura, nervoso, agitado, e cansado. Dou o desconto do cansado, porque para mim é óbvio que tem que estar muito cansado. Mas Sócrates estava mais do que cansado, estava derrotado. Por tudo isto, só Passos Coelho está em condições de obter vantagens líquidas com o debate e é natural que as sondagens o reflictam.

O DEBATE : LER

Foi por isso com grande surpresa que nos dias seguintes li sobre o debate nos jornais e não me revi em nada. Dar o debate por empatado, já me parece absurdo. Tudo contou a favor de uma “vitória” de Passos Coelho, as expectativas sobre Sócrates, a enorme distância entre ser o “senhor” da bancarrota e ser o “senhor” da crítica da bancarrota. A repetição dos mesmos argumentos neste caso desfavoreceu Sócrates, porque á medida que eles são repetidos dentro de um chavão ideológico – em vez de falar de saúde ou educação, fala de “saúde pública” e de “educação pública”, o que enfraquece a força do conteúdo. Apesar disso, a minha única dúvida a favor de Sócrates encontra-se aqui, no facto de não me ser certo que, mesmos repetidos, os argumentos não possam ser eficazes para uma parte do eleitorado menos versado no meta-discurso económico com que os dois, Passos e Sócrates, substituíram a política. Mas apesar de tudo, falar de empate é dar mais importância ao que já se pensava do que ao que se pode ver.
E depois, aqueles que viram Sócrates ganhar, tem todo o direito à sua opinião, mas ela é puro desejo. Mas, até porque venho dos EUA onde milhares de pessoas acreditavam que o mundo ia acabar às 6 da tarde (não se sabia se era o “tempo” do Este ou do Oeste dos EUA), porque precisamente isto estava inscrito na Bíblia, eu não me espanto com nada.

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© José Pacheco Pereira
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