ABRUPTO

7.5.11


COISAS DA SÁBADO
CHEGA O PERÍODO ELEITORAL E A PARTIDO-CLUBITE ENRAIVECE



É Portugal e o que é tem muita força, os partidos são o que são, e as pessoas são o que são. Muita fome, e poucos lugares ao sol. E a política começa a ficar como as claques de futebol. Se não estás a duzentos por cento connosco, estás com eles; se não calas as nossas asneiras, fazes o jogo do inimigo. Se perdermos, não será por causa das asneiras que fazemos, mas por tua causa que as criticas. Frágil poder esse que cai ao mais pequeno abano.

Nestes dias, os nossos modernaços liberais voltam ao tempo da Santa Inquisição. O ideal seria que debaixo da nossa varanda só passassem os gloriosos regimentos de fiéis alinhadinhos, sem falha, houvesse censura, e o espírito crítico fosse fechado nas Berlengas a cadeado para que a nossa incompetência, a nossa gula, os nossos interesses ficassem bem salvaguardados pelo silêncio. É também nestes dias que se percebe a diferença entre os que sabem o que querem e o que fazem, e que estão à vontade num meio em que a crítica faz parte do oxigénio, e os parvenus. Estes são os principais produtores da má fé que inquina a política portuguesa de alto a baixo. Querem mostrar serviço, fazendo o sale boulot. Não têm memória, nem consistência, nem respeito. Repito, muita fome e poucos lugares ao sol.

E como já vi muito disto, também já os florir e fenecer como as rosas de Malherbe. Já os vi brilhar de dia, para se apagarem à noite, quando gastos, expendables, desnecessários e substituídos por clones com “caras frescas”. Já os vi (alguns, poucos) bater contra a parede da justiça, após muitos anos de impunidade e negócios de influência, sempre com a bandeirinha do partido e a camisola do líder. Verdade seja dita que também já os vi fazer carreira no reino da Traulitânia da política, com algum sucesso, mas para isso tem que aprender depressa as regras da sobrevivência e afastar os cem pretendentes ao seu lugar singular.

Existem em todos os partidos. Nas eleições devem dar-lhes na comida um aditivo qualquer que os acirra como os mastins de serviço. Eu sei qual é o aditivo.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]