ABRUPTO

11.3.11


COISAS DA SÁBADO: A MASSAGEM DOS MEDIA: NUNCA VI TANTA PROPAGANDA…

… a uma manifestação, a um acto político. Sempre apresentada em tons positivos, sempre apresentada como os seus organizadores querem que seja apresentada, sempre alimentada pelas maiores das expectativas (já é descrita como gigantesca mesmo antes de o ser), legitimada e justificada como uma revolta pura, genuína, espontânea, sem mácula, numa vida política cheia de nojo. Vai ser um sucesso com certeza com tanto ingrediente certo.

Os jornalistas acham que se devem distanciar das iniciativas partidárias, onde vão entrevistar os velhinhos mais boçais que encontram e filmar as camionetas vindas da província e fazem comentários jocosos. Mas neste caso não há qualquer distanciação, é como se fizessem parte do comité de organização. E, embora o grosso da propaganda da manifestação seja feito pelas televisões e jornais, alimentam o mito de que tudo se deve às novas tecnologias, que parecem ter hoje o efeito lustral de dar inocência e espontaneidade a tudo que por elas passa. E quem critica tão pura e genuína iniciativa é imediatamente insultado de “velho”, um novo insulto típico da deslocação da luta de classes para os conflitos geracionais, e, ao mesmo tempo, típico da vulgata jornalística da “novidade”. 

Também aqui soçobram todos os critérios jornalísticos mínimos, mas isso não é novidade quando estamos em plena moda do “deolindismo” nacional.

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© José Pacheco Pereira
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