ABRUPTO

13.2.11


 NOTAS DE VIAGEM AMERICANAS: OS RECLAMES DE COISAS QUE NÃO TEMOS

Os reclames de coisas que não temos. Um número significativo dos reclames que passam na televisão americana seriam impossíveis em Portugal, ou porque se referem a realidades distintas na relação entre os cidadãos e o Estado, e outros porque seriam proibidos. Entre os proibidos estão os anúncios de advogados que em Portugal a Ordem dos Advogados, numa interessante manifestação do velho poder corporativo, impede. Nos EUA, o país da litigância, são comuns os anúncios como o de Kim Michael Cullen. A questão está em saber se este tipo de competição pelo mercado não serve os mais pobres e os mais necessitados, que assim acedem a um serviço cujos termos de referência e preço conhecem com exactidão e que a competição torna mais barato.

Depois há anúncios de empresas como os Tax Masters, que oferecem serviços de consultadoria e representação mais ou menos agressiva para lidar com o fisco. Sente-se ameaçado pelo fisco? Acha injusto o que lhe cobram de imposto? Contrate os Tax Masters, que tem na sua folha de pagamento entre outros "antigos funcionários da administração fiscal". Aqui está um tipo de empresa que poderia por cá ter muito sucesso. Mais uma vez, como acontece com os advogados, estas empresas não são para os ricos e poderosos, mas para o homem comum, que não tem dinheiro para pagar a uma grande firma de advogados, nem para a litigância agressiva com o fisco.

E por último, deixando de lado a publicidade a medicamentos, a série extensiva de anúncios de companhias de seguros. Uma delas até faz questão de sublinhar que o seu plano de saúde tem um nome parecido com o do Presidente Obama, mas não é a mesma coisa. Seguros para tudo, planos de seguros para novos, estudantes, jovens mães, velhos, etc., etc. É o melhor retrato de uma sociedade em que são os privados a tomarem conta do seu futuro, com as vantagens e os riscos inerentes.

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© José Pacheco Pereira
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