ABRUPTO

18.2.11


COISAS DA SÁBADO: O QUE ESTÁ NA MODA: TRATAR AS COISAS POR SURTOS E, DEPOIS DO SURTO, ESQUECE-LAS

A comunicação social actua por surtos. Aparece um tema, muitas vezes um tema repetido mas que a memória curta trata como novo, e durante quinze dias (o máximo) tudo se centra ali. É a “agenda mediática”. Quando há dois temas, é um aborrecimento, porque gera muita confusão. O ideal seria um mundo com um novo tema, ou “semi-novo”, de semana a semana. Depois, o tema perde novidade, “deixa de ser notícia”, e é preciso arranjar um novo tema. É pouco importante saber da relevância do tema, ou sequer saber até que ponto ele é novo, ou se alguma coisa importante se vem a saber sobre ele quando já está na zona cinzenta da “perda de novidade”, ou pura e simplesmente é o arrombar de portas que estiveram sempre abertas, mas que um caso sensacional faz parecer novas. É o caso da senhora que morreu sozinha e que a incompetência, desleixo e burocracia, deixaram cadáver numa casa de que o fisco se veio a apropriar. O fisco funcionou, tudo o resto não. Porém, agora, todos os noticiários parece que descobriram que muitos idosos abandonados morrem solitários e ignorados em suas casas. Agora os seus corpos são notícia de abertura do telejornal, embora daqui a uma semana possam de novo continuar a morrer sozinhos. É um surto, depois haverá outro. Os factos, as situações, pouco interessam.

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© José Pacheco Pereira
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