ABRUPTO

23.1.11


GRAVE

Grave é o que se esta a passar um pouco por todo o país em que muitos eleitores não conseguem votar devido a incompetência do governo, que não previu os efeitos práticos das mudanças com o número de eleitor nos novos documentos de identidade. Esta situação vai manchar estas eleições. E é pura e simplesmente fugir à responsabilidade dizerem que se pode ir a Net (experimentem) telefonar (experimentem) e usar o sms (experimentem).Há eleitores idosos perplexos quando os mandam para a Net e outros a saírem furiosos das mesas de voto sem votarem. E a CNE diz que nada de grave se esta a passar...

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Na freguesia de S. Sebastião, Guimarães, o problema resolveu-se porque o presidente da comissão recenseadora (o presidente de Junta de Freguesia) imprimiu a lista com todos os nomes e respectivos números de eleitor que constavam dos cadernos eleitorais por ordem alfabética. Assim, dirigindo-se a qualquer mesa de voto, era indicado o número e a mesa a que se deveriam dirigir. O problema era indicar a que secção de voto se deveriam dirigir aqueles que tinham tirado o cartão de cidadão e foram colocados noutras freguesias. Houve casos de eleitores que moram na mesma morada há décadas (em S. Sebastião) e que quando tiraram o cartão de cidadão foram transferidos, sabe-se lá porquê e com que critério, noutras freguesias.

Tiago Laranjeiro.


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Ontem também fui um dos eleitores com dificuldades em votar. Tinha substituído o meu anterior Cartão de Cidadão por motivo de furto e, na altura em que fiz essa substituição, disseram-me que nesta nova versão deste documento passava a estar incluído o número de eleitor.

Dirigi-me à escola onde habitualmente voto e, chegada a minha vez, foi-me dito para mandar uma SMS ou então ir à Junta de Freguesia, porque os cadernos estão ordenados por número de eleitor e eu também não me lembrava dele. Para cúmulo, não tinha levado o telemóvel comigo mas um jovem prontificou-se a mandar a dita SMS com os meus dados a partir do seu aparelho. Ele disse-me que tinha enviado a SMS dele na sexta-feira e só recebeu a resposta no domingo de manhã. Nada animador, portanto.

Fiquei à espera que o jovem votasse na esperança de ainda receber a SMS com o meu número de eleitor. Nada. Felizmente a minha casa encontra-se a dez minutos do local de voto e, já em casa, fui à internet e por acaso tive sorte, porque sendo ao meio-dia, o serviço estava bastante rápido e não demorei nada.

Lá voltei para votar e vi outras pessoas com o mesmo problema e algumas delas bastante zangadas. Vi também um caso na minha secção de voto de uma senhora que ainda possuía o Cartão de Eleitor antigo e para espanto de todos os presentes, o número dela tinha simplesmente desaparecido dos cadernos eleitorais. Esta senhora nem com a Junta de Freguesia lá ia.

O que se passou é um vergonha nacional, porque um Estado que trata com tanto paternalismo os abstencionistas, quase como se fossem uns criminosos, não conseguiu ou não quis dar as condições para aqueles que se dignaram ir votar. Vi pessoas furiosas que simplesmente se foram embora a resmungar palavrões.

É o Portugal tecnológico. Porreiro pá!


João Paulo Brito

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O que ontem se passou com o Cartão do Cidadão, não é admissível em democracia, não é desculpável perante um aparelho de estado que facilmente hostiliza e abafa o cidadão cumpridor com controles, exigências e ameaças, não é possível deixar morrer perante um regime agonizante e em descrédito por uma fatia cada vez maior do seu povo - some-se os votos brancos, os votos nulos, os votos em Coelho, os votos em Moura e metade da abstenção, e temos a dimensão aproximada do descrédito neste regime.

Por isto tudo, o que se passou com o Cartão do Cidadão tem que ter consequências e avaliação. E para que seja racional, deve-se começar por uma avaliação quantitativa.

Será difícil pôr um contador na Net, para que o cidadão possa registar a sua deslocação à mesa de voto e a sua impossibilidade de votar?



António Lopes
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Vi agora o seu post sobre a falha técnica eleitoral.
Onde eu votei, e onde a minha companheira votou, foi a mesma confusão que toda a gente narra.
Completa falta de respeito pelo povo é argumentar que ele se devia ter informado antes, quando nunca isso foi avisado, por exemplo na TV.
Mas isto não é novo, neste Governo. As Finanças agem da mesma maneira há muito. Basta recordar a história das “declarações anuais” dos “recibos verdes”, de obrigatoriedade de entrega publicada em Decreto mas de que ninguém foi avisado (seria bem simples fazê-lo pela net, por onde agora é obrigatório toda a gente entregar as Declarações). Depois todos tiveram de pagar a multa por atraso, e a resposta do Estado foi a de que os cidadãos têm a obrigação de conhecer a lei. Isto é a exemplificação perfeita do espirito burocrático num Estado prepotente.

Pinto de Sá

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A minha mulher dirigiu-se ao local de voto dos últimos 20 anos. Encontrou uma fila enorme para as pessoas perceberem onde iam votar por causa dos cartões do cidadão. Havia um (repito, um) funcionário a dar informações. Nas salas de votos, as habituais quatro ou cinco pessoas sem nada para fazer. Uma vergonha. Mas pior, a informação que o dito funcionário dava não era onde as pessoas deviam deslocar-se, mas sim que o local de voto não era ali. Ouvida a mesma, a minha mulher veio embora e, sem saber onde se dirigir, começou uma pequena saga. Site do STAPE, da CNE, do Governo, do recenseamento e nada. Envio de sms para o número fornecido e nada. Chamada para o número fornecido e nada. Plano B: consulta no site da internet relativo à nossa junta de freguesia para ve se havia alguma informação, mas não. Plano C: procurar aí mesmo se existiam informações antigas em eleições antigas. Sorte: os locais de voto estavam indicados no âmbito das eleições europeias de 2009. Assim sendo, existiam três locais possíveis. Arriscámos o maior. Sorte, era lá. Pura sorte, no entanto. E isso fomos nós, pessoas com acesso a informação, informadas, com meios e capacidade para reagir. Mas pergunto-me sobre as milhares e milhares de situações idênticas em que todas essas milhares de pessoas ficaram coarctadas nesse seu direito soberano, afinal o direito que define a própria democracia. Existirão responsáveis? Duvido, até porque o efeito da abstenção não servirá de bode expiatório para os resultados finais e só em caso contrário se tentariam explicações.
Uma vergonha.

Rui Esperança

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Uma vergonha, a forma como decorreram as eleições de hoje.
Na Buraca estavam dezenas de pessoas na Junta de Freguesia, entre as quais
eu próprio, pois tinham sido alterados os números de eleitores para quem
tinha um Cartão de Cidadão. Mas, ninguém nos avisou!
Como é isto possível, após tantas alterações tecnológicas que não resolvem
problemas, tão fáceis de solucionar? Porque é que os novos cartões não podem
ter um número de eleitor? Isto faz algum sentido?
A incompetência é total.

Rui Mota

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É de justiça dizer que o problema com o n.º de eleitor foi resolvido, na Assembleia de Voto onde votei (uma freguesia da Amadora), com a brevidade possível e a mobilização dos presentes:

- um elemento circulando na sala e aconselhando os eleitores que chegavam, sem saberem o seu número (era o meu caso) e trazendo consigo apenas o Cartão Único.

- uma mesa destinada exclusivamente a fornecer a cada eleitor o seu n.º, a partir do cartão de identificação, com uma fila própria e com um elemento agarrado ao telemóvel para solicitar a informação, que chegou em segundos.

Também em abono da verdade se diga que os detentores do Cartão Único receberam em casa uma carta com o seu n.º de eleitor e se não levaram esse documento consigo (o meu caso), foi por esquecimento.

Cristina Baptista

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Votei faz agora 1 hora, e, de facto, na minha freguesia, Lamaçães, concelho de Braga, onde só existem 3 secções de voto, as secções não tinham fila para votar, mas encontravam-se cerca de 10 pessoas no balcão de informações da Junta, com o cartão de cidadão na mão, por isso, suponho que estivessem a ter problemas sobre o local onde votam.
Como ainda tenho BI, votei sem sobressaltos.

Alberto Fernandes

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Aconteceu comigo e ainda tenho o antigo BI e Cartão de Eleitor. Tentei através da net saber o novo numero de eleitor, visto o antigo ter sido alterado, informação dada na habitual mesa de voto,  e não consegui, só a indicação para tentar mais tarde.
É realmente inadmissivel não ter havido um alerta da CNE para as alterações, tanto de eleitores com o novo cartão do cidadão, como daqueles que ainda têm o antigo, como é o meu caso, e a hipótese de nas antigas mesas de voto, saber qual o novo numerol e local de voto. 
Incompetência e falta de respeito para com os eleitores num grau extremo.
Já enviei e_mail para a CNE, com todos os meus dados,  e espero poder votar nas próximas eleições.

Idalina Mendes  


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É, de facto, muito grave pois a data das eleições foi marcada só há três meses (11 Outubro 2010)!
E o facto de os cidadãos que mudaram de residência não terem cuidado de actualizar o seu recenseamento (ainda que só em três meses …) é pura “incompetência do governo”, se não for mesmo incompetência directa  e pessoal do Primeiro-Ministro!

Eduardo Cardeano

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O que se está a passar hoje é simplesmente inadmissível e deveria conduzir a consequências muito severas para os responsáveis políticos por esta situação. Hoje foi por incompetência, mas e se amanhã existir uma intenção deliberada de dificultar ou impedir o exercício do direito de voto? O exemplo de hoje mostrou como essa manipulação seria fácil. A utilização de novas tecnologias numa área tão essencial da vida democrática tem de ser cuidadosamente ponderada e revista. O controlo dos actos eleitorais tem de poder ser realizado por qualquer pessoa. Os meios utilizados têm que ser acessíveis a qualquer pessoa, sem estar dependentes do controlo (ou incompetência do Estado). Isto é um corolário essencial da igualdade e liberdade do exercício de direito de voto.

A utilização de meios tecnológicos nos actos eleitorais mais básicos (cartão de eleitor hoje, boletim de voto e urnas amanhã, já se está a ver) não aumenta a segurança do voto, ao contrário do que um certo deslumbre simplório acredita. Pelo contrário, com o cartão actual o nosso direito de voto é apenas um conjunto de bit gravados num chip, que só determinadas pessoas (do Estado) têm acesso. A nossa identidade está dependente não apenas da posse de um cartão (o que já é suficientemente preocupante) mas ainda de instrumentos tecnológicos que só o governo controla. Os perigos e possibilidades desta dependência de algo tão básico e essencial como a nossa identidade são bem evidentes. Se só só certas pessoas, com conhecimentos muito específicos e técnicos, controlam esta informação, como é que nos podemos assegurar que ela não é manipulada?

A facilidade com que em Portugal estas mudanças são efectuadas, sem qualquer ponderação dos riscos de concentração de poder e dependência no Estado revelam muito sobre a nossa cultura política de liberdade.


J.l.
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http://abrupto.blogspot.com/2011/01/grave-grave-e-o-que-se-esta-passar-um.html
Sou testemunha deste caso das sms para saber onde voto.
Estou à espera da resposta! Ainda não veio.


E se puder ajudar...
A taxa de participação estava nos 13,4 % ás 12h.
Estou a tentar saber como está neste momento mas sem informação nos jornais!



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Bruno Teixeira
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Sao 14:50 do dia 2011/1/23.


Para poder exercer o meu direito de votar para as eleicoes presidenciais, procurei no http://http://www.recenseamento.mai.gov.pt/ o meu numero de eleitor.
Ja' passou mais de 1 hora e ainda nao consegui, sequer, enviar o meu numero de identificacao.


Sei de vizinhos que foram de manha votar e demoraram imenso tempo a obter o numero de votante na delegacao da junta de freguesia de S. Domindos de Benfica.
Este facto, gravissimo porque poe em causa o direito constitucional de liberdade de votacao, podia ter sido resolvido se tivessem
 - reforc,ado a capacidade dos vossos servidores, e
 - retirados os ficheiros graficos do vosso portal, por forma a
   diminuir o trafego.


Tenho pena que o deslumbramento tecnologico nao seja acompanhado pela competencia.


---Crespo

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