ABRUPTO

11.12.10


COISAS DA SÁBADO: O PODER TEM MUITA FORÇA


Muito do que hoje se diz de Passos Coelho foi dito sobre Sócrates, nas mesmas circunstâncias,: quando ambos pareciam aproximar-se ou se aproximavam do poder. Nalguns casos pelas mesmas pessoas, jornalistas sobretudo. O poder de facto manda muito e a independência, material, mas sobretudo psicológica face ao poder escasseia por uma miríade de razões. O reverso é que quando alguém está a cair ou para cair, todos os que o louvavam antes vão lá espezinha-lo com especial furor.

O que é que estes mecanismos tem em comum? Não é a personagem, a pessoa, cujas forças e fragilidades uma análise mais lúcida e cuidada revela sempre, antes ou depois. O que tem em comum é o poder que os envolve com um manto de inevitabilidade, e que gera uma espécie de groupies muito vocais que gostam sempre de estar na crista da onda, na onda da mudança. Muito desempoeiradas do pó do passado. Ora os e as groupies de Sócrates (que já vinham de Santana Lopes) esvaneceram-se e, com a excepção de um ou dois fiéis genuínos, só sobram os profissionais assalariados pelo Gabinete do PM. Agora pululam os e as de Passos Coelho (que já vinham de Sócrates) escrevendo os mesmos textos reverentes, muitas vezes de uma ingenuidade gritante, beatos até mais não, e caindo em todos os velhos truques da comunicação e de encenação. É o ar do tempo. É o ar do poder anunciado pela inevitabilidade, a que é muito difícil escapar quando se vive na espuma dos dias.

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© José Pacheco Pereira
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