ABRUPTO

18.12.10


COISAS DA SÁBADO: A EXPERIÊNCIA PORTUGUESA DA ABERTURA DOS ARQUIVOS DA PIDE


Passados muitos anos sobre esta conversa, pode-se fazer um balanço do que aconteceu com os arquivos da PIDE/DGS que mostram que tinha razão. Na Alemanha nem sempre tudo correu bem. Na parte conhecida dos arquivos, mas no essencial também, a divulgação não provocou o cataclismo previsto por Brandt. No caso português, houve no início uma interpretação de ordem administrativa muito restritiva do direito ao acesso aos arquivos, que contrariava o espírito e letra da lei e que acabava por proteger mais os informadores do que as vítimas da PIDE/DGS, mas com o tempo materializou-se muita da abertura desejada. Muitos historiadores e alguns jornalistas consultaram os arquivos da polícia política e fizeram-no sempre em observância da lei dos arquivos, mas também do bom senso e do não sensacionalismo, de modo a que a historiografia do século XX avançou muito, sem casos de voyeurismo tablóide. E quem conhece este tipo de arquivos sabe bem como eles se prestam a essa exploração sensacionalista, quase sempre abusiva da privacidade das pessoas e distante da verdade. Se eles estivessem nas mãos da Wikileaks seria bem diferente o seu destino e o seu uso.

(Continua.)

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© José Pacheco Pereira
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