ABRUPTO

19.7.10


COISAS DA SÁBADO: O MINISTÉRIO DA CULTURA DEIXOU DE TER MINISTRA

A implosão da Ministra da Cultura deu-se esta semana e cabe nesta frase:
"Consegui meios para não fazer cortes nenhuns no resto do ano. Foi possível porque o Ministério da Cultura se empenhou e obteve da parte do Governo solidariedade e, em particular do senhor primeiro-ministro, as condições para não aplicar os cortes."
 Andam a gozar connosco, o Primeiro-ministro e a Ministra, porque há uma semana era tudo ao contrário. Na verdade, a Ministra acabou, está póstuma, tanto faz lá estar como não estar. Ou melhor: como no sítio onde antes havia uma ministra está hoje apenas um fantasma que vagueia pelo Palácio da Ajuda e este não pode ser transportado para a sede do Conselho de Ministros, o governo que já soma quase tantos problemas como ministros que tem, passou a ter mais um.O que aconteceu à Ministra da Cultura é exemplar do vazio em que se tornou este governo. Infelizmente para o país é um vazio confuso, fragilizador, caótico, propício a asneiras caras, que se pega à nossa crise como um miasma a mais. A senhora que ocupa o lugar resolveu dar-nos um exemplo de como não se governa: anuncia um corte de 10% nos subsídios da cultura, passou uns dias a ouvir a gritaria dos subsidiados da cultura, cuja capacidade para se fazerem ouvir foi sempre grande, e veio depois anunciar que os 10% de corte, que há uma semana entendia serem absolutamente necessários, são agora superáveis pelo “empenho do Primeiro-ministro”. E manteve tudo na mesma.

Nessa mesma semana cometeu outros erros que lançam a suspeita sobre a sua preparação para o cargo. Não é preciso ser muito culto para se ser ministro da cultura, como já se viu no passado, mas algum trato com essas coisas bizarras da cultura ajuda. Principalmente quando se trata de uma Ministra que acha que Jorge Luís Borges se chama José Luís Borges (quando ouvi isto no Parlamento nem queria acreditar e gritei de lá de cima “Jorge”, que espero tenha sido ouvido no registo dos apartes...), e que acha que uma acção é “meritosa” em vez de meritória (gritei de lá de cima “meritória” a ver se havia correcção. Nada...). Ainda perguntei aos meus colegas açorianos se seria uma “açoreanismo”, mas parece que ninguém ouviu tal palavra. E assim vamos continuar tão “meritosa” função de estar no lugar de Ministra da Cultura e não o ser.

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© José Pacheco Pereira
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