ABRUPTO

6.7.10


COISAS DA SÁBADO: CADA VEZ MENOS LIBERDADE

Seja como for, por detrás da confusão há muito desespero (do Ministro das Finanças), há muito cansaço (do Governo todo), muita raiva (do Primeiro-ministro) e esta combinação produz impulsos perigosos. Um deles é tentar perseguir o último tostão, no último bolso, daqueles que ainda têm uma economia formal, esforçam-se por poupar, colocam dinheiro nos bancos, pagam impostos, declaram ao fisco e por isso são vítimas privilegiadas do desespero do estado. A liberdade de cada um, que Aristóteles sabia que estava ligada à independência pessoal e esta à propriedade, está a ser devastada dia a dia a pretexto da crise. E conhecendo-se bem os nossos costumes, até podemos vir a sair da crise, ou pelo menos do mais agudo da crise, mas os maus hábitos de um estado espoliador, permanecerão como critérios normais de controlo do cidadão. Há no estado português uma pulsão para uma espécie de Big Brother pobre, que se torna cada vez mais absoluto sem verdadeiramente querer ser absoluto, movido pela necessidade e pelos maus hábitos e por uma imensa, gigantesca falta de cultura de liberdade e de respeito pelos cidadãos. A que se soma a apatia generalizada dos cidadãos. Agora tudo parece justificado pela crise, impostos retroactivos, impostos sem autorização parlamentar, espionagem bancária, etc., etc., mas na verdade começou quando o fisco e a ASAE se tornaram armas do Primeiro-ministro para mostrar um show de determinação que se revelou pouco mais do que o autoritarismo da asneira e o vigor da amoralidade. Cada dia, há menos liberdade e a história mostra que, em tempos como estes, essa falta de liberdade, meia abusiva, meia consentida, está para lavar e durar.

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© José Pacheco Pereira
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