ABRUPTO

15.5.10


COISAS DA SÁBADO: O CIRCO E OS DIRECTOS (1)

O Benfica ganhou. Muito bem, parabéns. Os benfiquistas, que, dizem-me, ser a maior tribo portuguesa, festejaram aos milhares de forma rija. Muito bem, têm razões para festejar. Alguns dos seus adversários tentaram estragar a festa. É mau perder e à polícia espera-se que reponha a ordem e puna os que a violam, o que já duvido mais que aconteça. Tudo isto é notícia. Sem dúvida. Notícia de prime time? Sem dúvida, longa detalhada, correspondendo ao interesse dos portugueses pelo futebol e ao gosto dos benfiquistas em verem a sua vitória espelhada nos media. Razão para as longas catadupas de conversa em tudo o que é programa desportivo? Como só vê quem quer e quem gosta, nenhum mal vem ao mundo em dezenas de horas de conversa à volta de nada.

Só o que é mais complicado e um verdadeiro retrato do nosso subdesenvolvimento é de um momento para o outro tudo parar nas rádios e televisões e durante quase dois dias não haver país, não haver Portugal, nem a sua crise, não haver nada que não sejam directos lentos e intermináveis sem conteúdo noticioso e depois repetição infinita desses mesmos directos, sem sequer o trabalho de selecção que é suposto fazer o jornalismo. Isso é puro circo, o mesmo circo que os poderosos davam em Roma aos pobres para que se distraíssem da sua vida dura e miserável. A mesma vida que espera muitos portugueses inclusive por acontecimentos e decisões tomadas no exacto momento em que os órgãos de comunicação traiam a sua função de informar, para serem o principal veículo do espectáculo em curso. A começar pelo célebre “serviço público” da RTP tão igual a tudo o resto, mas pago regiamente com os nossos impostos. Dias como estes, de preenchimento do espaço público com nada, são aqueles que os governos mais gostam. São excelentes para aumentar impostos.

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© José Pacheco Pereira
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