ABRUPTO

9.4.10


COISAS DA SÁBADO: SUBMARINOS, PORTUCALE, FACE OCULTA, FREEPORT E O QUE MAIS HAVERÁ E SE SABERÁ (OU NÃO)



O que se vai sabendo sobre as compras de material militar ocorridas durante o governo Barroso – Portas, em sequência do de Guterres e prosseguindo no de Sócrates, mas com epicentro no primeiro, é de total gravidade. É mais grave do que o processo Face Oculta, Freeport, Portucale e do que der a “Operação Furacão”, com quem tem os pontos de contacto de histórias de corrupção. É verdade que não há para aí um “medidor de gravidade” e que sempre se pode dizer que tanto é mau umas ofertas de jarras em cristal da Atlantis como as centenas de milhões que circulariam entre escritórios de advogados da “alta” e os offshores. É e não é. O caso dos submarinos, pelo que já se sabe, é o mais grave caso porque envolve não só um caso de eventual corrupção no âmago do estado e dentro dele em duas áreas particularmente sensíveis, as forças armadas e os agentes políticos, e, fora dele, a primeira linha dos interesses económicos associados ao coração da vida política: grandes contractos, intermediação, financiamento, aconselhamento jurídico e técnico. E as quantias envolvidas são enormes e o prejuízo público gigantesco. Ou seja, se há grande corrupção em Portugal, está aqui tudo

Mas não só. Mesmo que não se prove a corrupção, nos vários processos em curso em Portugal e na Alemanha, há pelo menos grossa negligência e grossa incúria, a exigir total esclarecimento. O que se passou com as contrapartidas, que se percebeu desde o primeiro minuto serem fantasiosas e incumpriveis, revela que, por muito legítimas que tenham sido as compras, caso não se prove a corrupção, pelo menos foram feitas com um enorme desperdício de dinheiros públicos, porque o que se comprou foi-o a preços muito acima do normal, num mercado tão competitivo como é o do armamento . O que aconteceu é que, sem as contrapartidas, cujo cumprimento não chega a 30% do acordado, os valores das compras ficam exorbitantes. E por último, o que se verifica é que para uma grande empresa de armamento alemã, Portugal não é diferente de Angola: só lá se vai com “luvas”

Por tudo isto, exige-se todo o esclarecimento, a todos os níveis, económico, judicial e político.

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© José Pacheco Pereira
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