ABRUPTO

1.2.10


COISAS DA SÁBADO: DESPESAS DE CAMPANHA



Eu fiz campanha, como se sabe, e várias vezes afirmei publicamente no seu decorrer que não tinha muitas dúvidas que o PS estava a gastar muito mais do que o que tinha anunciado. A riqueza socialista era patente por todo o lado e, quer nas legislativas, quer nas autárquicas, percebia-se que os recursos não faltavam. Agora que se conhecem os números, mesmo admitindo que eles possam ser apenas indicativos, dado que as campanhas são sempre mais caras do que os valores que os partidos apresentam, sabe-se que o PS gastou 5.467.000 euros face aos 2.945.000 euros do PSD.

Haverá sempre quem diga que o PS fez bem porque isso contribuiu para a vitória socialista e que o PSD, que gastou menos do que previa, fez mal, porque isso favoreceu um mau resultado. É o argumento da eficácia, mas na verdade, ainda me lembro de quem rasgava as vestes queixando-se das elevadíssimas despesas das campanhas em período de crise económica e dificuldades para os portugueses. O facto é que, na verdade, pode-se gastar muito dinheiro, acima do anunciado, sem sanção. Basta ganhar e basta ser o PS.

Mas há um aspecto interessante nos gastos do PS: é que a parte da campanha em que houve mais descontrolo dos custos, três vezes mais, foi a que envolveu as agências de comunicação e o marketing. Aqui está uma das chaves da actuação socialista, típica do “socratismo” e que provavelmente, para quem tem uma concepção utilitária da política e para quem vale tudo desde que haja resultados, mereceu cada euro gasto. De facto, que preço não valeu a “operação Diário de Notícias”, a publicação do e-mail do Público, comprometedor do Presidente, naquele dia e daquela forma, a uma semana de eleições?

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© José Pacheco Pereira
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