ABRUPTO

5.2.10


COISAS DA SÁBADO: AS CAMPANHAS DE DESCRÉDITO



O que se está a passar com Mário Crespo não é para mim qualquer surpresa. O que a Casa de Sócrates produz é-me familiar há muito, até como alvo privilegiado do mesmo tipo de ataques. O mesmo se poderá dizer de outros (Helena Matos, José Manuel Fernandes, Manuela Moura Guedes, Pedro Lomba, Paulo Tunhas, Vasco Graça Moura, Eduardo Cintra Torres e mais alguns, só para falar dos que tem acesso à comunicação social) que fazem parte do rol dos alvos do pequeno grupo de gente amoral e disposta a tudo, entre os aprendizes de feiticeiros profissionais de agência, passando pela variante actual do sectarismo “intelectual” tribal, aos admiradores dos “canalizadores” do Watergate, que se movem nas “informações”. Gente obcecada pelo poder e perigosa, mas que, estando as coisas como estão, irá fazer carreira na profissão.

A rotina é facilmente identificável, até porque já se tornou rotina. Desde o primeiro momento em que alguém se pronuncia de forma clara sobre José Sócrates e sobre o seu governo, sem tibiezas e falando sem medo das suas fragilidades, para usar um eufemismo, fica marcado. Os de falas mornas, esses até fazem jeito para dar a entender que se é tolerante com a oposição. Mas os que tocam nos pontos que mais doem, o carácter e idoneidade do Primeiro-ministro, a sua relação com a verdade, os múltiplos sarilhos em que o seu nome aparece quase automaticamente, a competência governamental, as suas intromissões na comunicação social, etc., etc. são imediatamente alvo de uma campanha pessoal de descrédito que atinge a sua honorabilidade, o seu carácter, a sua competência, chegando por fim à sua sanidade mental. Esta da sanidade mental, o “argumento” de Brejnev para “internar” os dissidentes, é por si só um retrato do carácter anti-democrático destas operações que visam simbólicamente eliminar os adversários acusando-os de senilidade (Cavaco está “cheché” já o vi escrito) e Crespo devia “ir para o manicómio”.

A Internet é hoje o mecanismo privilegiado dessa campanha porque permite que ela seja feita de forma anónima, sem a responsabilidade de uma face, e multiplicando vagas de textos e comentários em blogues. Alguns “intelectuais orgânicos” ligados ao círculo de Sócrates e do seu gabinete, dão algumas caras na Internet e nos jornais a esta campanha, mas com o mesmo estilo de insulto e calúnia e numa perfeita continuidade de forma e substância. Mas é no anonimato e na escuridão que prospera este musgo.

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© José Pacheco Pereira
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