ABRUPTO

10.12.09


ÍNDICE DO SITUACIONISMO (109):
BATER NO PARLAMENTO COM SAUDADES DA MAIORIA ABSOLUTA


A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.


Os editoriais do Diário de Notíciais são o melhor espelho das dores do PS e do Governo. Agora a "linha" é bater no Parlamento (e na oposição que só é "normal" e "responsável" quando não vota contra o governo, o crime dos crimes), sede de todos os males nacionais, e, de caminho, exigir ao Presidente que engrosse o coro:

A manhã parecia trazer, enfim, um sinal de normalidade nas turbulentas relações parlamentares que levam estes dois meses de legislatura. Paulo Portas tinha já sinalizado que tencionava abster-se na votação do Orçamento Rectificativo, e a ele juntava-se Manuela Ferreira Leite, que, numa declaração em Bona, culpava o Governo por um buraco nas contas públicas mas adiantando que nada poderia fazer senão viabilizar o documento.

O intervalo de bom senso, porém, teve um curto prazo de validade. É que, acto seguinte, os sociais-democratas entregam uma proposta - a ser votada precisamente no Rectificativo - que autoriza nova subida do endividamento da Madeira e Açores em 129 milhões de euros. Foi o suficiente para que o Governo voltasse a dramatizar as votações desta semana, avisando que assim não vai ser possível governar. Nos corredores, entretanto, já há socialistas a falar de "regular funcionamento das instituições" - um nome de código para a bomba atómica: a dissolução da Assembleia.

E como se a guerra legislativa não bastasse, dois deputados passaram ao insulto, puro e simples - perante uma boquiaberta ministra da Saúde. Definitivamente, esta Assembleia não parece ter emenda. O que, uma vez mais, reforça a urgência de uma palavra certeira de quem continua em silêncio. Cabe ao Presidente da República dá-la. Aos deputados, ao Governo e ao País.


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© José Pacheco Pereira
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