ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
|
1.11.09
POEIRA DE 1 DE NOVEMBRO
Hoje, há quatrocentos e cinco anos, apareceu um "mouro de Veneza" muito especial. O "mouro" era valente em combate, mas estava cego por Desdemona e era uma marioneta nas mãos do "honest" Iago. Iago era um homem moderno, que hoje reconheceríamos sem hesitação: tecia mentiras, redes de mentiras, "redes sociais de mentiras". As mentiras caminham sempre pelo seu próprio pé dentro de cada humano defeito. E Otelo tinha um forte golpe de espada, mas sabia que trabalhava para uma Veneza que o via como um mercenário, um estrangeiro, de cor alheia e de religião alheia, permitido mas não igual. Como podia merecer Desdemona, alva, branca, filha de um Senador? Diziam os seus inimigos que fora feitiçaria. Otelo explicava que lhe contava histórias e a encantava com histórias. Era pouco. Como podiam ser as coisas como eram? Tinham que ser diferentes, desconfiava. E aqui entra Iago, "honest Iago". Iago alimentou o monstro que existe dentro de cada cabeça. Não esqueçamos as suas técnicas, o seu marketing, o lenço roubado. Ele concitou o "monstro dos olhos verdes", ao mesmo tempo que prevenia Otelo contra ele. Hábil. Hábil. O, beware, my lord, of jealousy; matou Desdemona e matou-se. Veneza permaneceu indiferente. A República Sereníssima estava habituada a este tipo de intrigas. A sua fama era a de ser o mais corrupto lugar do mundo. Também era moderna, como se vê. (url)
© José Pacheco Pereira
|