ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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30.10.09
CRÍTICAS À TELEVISÃO DO SENHOR NUNO CABRAL DE MONTALEGRE, QUE SÓ DÁ FOLCLORE TRANSMONTANO, ESCRITAS DO EXÍLIO(2) (E TAMBÉM COISAS DA SÁBADO:) NOVO GOVERNO E JOGOS DE EXPECTATIVAS Num artigo que publiquei no Público referi-me ao facto de estarmos todos já tão habituados ao “folclore transmontano”, a única música que o canal comprado pelo senhor de Montalegre que ganhou o Euromilhões, passa, que não sabemos já o som de qualquer outra música. E todos os dias nos cantam e dançam o “folclore transmontano”, pela cabeça adentro, que já quase não damos por isso. Um exemplo da música monocórdica desse canal único passou-se com a constituição do segundo governo Sócrates. Andei dias inteiros a ouvir como seria esse governo. Jornalista sobre jornalista, comentador sobre comentador. Como teria “surpresas”, como teria “ministros independentes de grande peso político”, como Sócrates iria tornear todos os pontos polémicos, etc., etc. Depois, nada disso aconteceu e o “folclore transmontano” mudou de registo, mudou de expectativas, mudou de foco, esquecendo as anteriores previsões como se elas não tivessem existido. Agora, o importante era o número de mulheres, o número de independentes, o perfil político de alguns ministros e o perfil técnico, os testemunhos simpáticos sobre os ministros que na semana passada deveriam ser “independentes de grande peso político” e agora eram tão desconhecidos que se tinha que ir saber quem eram junto dos colegas de trabalho na função pública. Este tipo de “folclore transmontano” não é novo. Lembro-me, por exemplo, de como era voz corrente na comunicação social, as altas expectativas quanto ao anterior Ministro da Cultura, que saiu da cena agora sem história nem glória. Claro que os actuais podem vir a ser os melhores ministros do mundo e boas surpresas, não é isso que está em causa, embora eu suspeite que, noutro contexto e com outra música, algumas nomeações suscitassem perplexidade tão remota é a relação dos ministros com as áreas dos seus ministérios. O problema é que no “folclore transmontano” o que se canta nada tem a ver com a consistência da letra. O que determina a canção é o que acontece, se há muitos negros é bom que haja negros, se há muitos brancos é bom que haja brancos, se houver cinzentos é bom que haja cinzentos. O problema é que esta mistura de intencionalidade, rebanhismo e superficialidade que hoje constitui o “folclore transmontano”, nos impede de pensar diferente. Ou sequer de recuar um pouco para ver melhor para além das trevas do pensamento único. (url)
© José Pacheco Pereira
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