ABRUPTO

30.10.09


CRÍTICAS À TELEVISÃO DO SENHOR NUNO CABRAL DE MONTALEGRE, QUE SÓ DÁ FOLCLORE TRANSMONTANO, ESCRITAS DO EXÍLIO

(E TAMBÉM COISAS DA SÁBADO:)

HÁ UM ANO...




... a comunicação social e os comentadores bramiam contra o “bloco central”. Os dedos acusadores que iam do CDS aos opositores de Manuela Ferreira Leite, passando pelo BE, juravam a pés juntos que o PSD se estava a preparar para servir de suporte a um governo de minoria relativa do PS, que começava a estar no horizonte. Baseando-se numa omissão qualquer, os jornais, com destaque para o Diário de Notícias, faziam páginas especiais sobre esse “bloco central”, que Cavaco Silva desejaria e que Manuela Ferreira Leite e o PSD se preparavam para concretizar. O mais interessante é que o tom era de crítica, de repúdio, do “sistema” do “centrão”, do “bloco central de interesses”. Depois, porque o tema não era sustentável, – havia demasiados desmentidos –, e o assunto, após quinze dias de histeria, já não era novidade, passou-se a falar de outras coisas. Lembrar isto é interessante, porque os mesmos, exactamente os mesmos, estão hoje no registo absolutamente contrário ao que tinham há um ano. Subitamente uma onda de “responsabilidade” invadiu a política portuguesa, na qual tem um papel central a quase que imperativa obrigação de fazer qualquer entendimento com o PS, daqueles que eram há um ano o maléfico “centrão” tão vilipendiado. De repente, a “estabilidade” passou a ser a obrigação primordial... da oposição. Mais do que do PS.

“Folclore transmontano” no seu melhor.

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© José Pacheco Pereira
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