ABRUPTO

2.10.09


COISAS DA SÁBADO: A FÁBRICA DE CASOS



O PS fez bem uma coisa durante a campanha: a fábrica de casos. Conhecendo muito bem os mecanismos comunicacionais, o PS e as suas agências de comunicação sabiam que se alimentassem os órgãos de comunicação com sucessivos casos, não sobraria espaço para uma campanha que fizesse o escrutínio da governação e falasse da situação real do país. Houve alturas em que no interior da sala Manuela Ferreira Leite estava a falar do desemprego, da crise económica, da dívida, etc. e os jornalistas nem sequer se davam ao luxo de entrar e estavam apenas à espera cá fora para perguntar sobre o caso do dia.

Para além disso não passou despercebido a ninguém que a fábrica de casos era desigual. O PSD podia ter feito o mesmo? Podia, mas não fez. Podia, só a título de exemplo, ter perguntado quem pagou o bilhete do TGV Paris-Bruxelas, quando o Primeiro-ministro utilizou esse meio de transporte para fazer declarações de campanha eleitoral, quando ia a uma reunião informal de chefes de Estado e de Governo da União Europeia? Todos os dias havia coisas destas que ninguém utilizou como a do carro da Madeira.

Também remete para a responsabilidade da comunicação social, o saber por que razão dois casos idênticos no seu teor (a “compra” dos votos no PSD e a “compra” com prebendas de apoios eleitorais na emigração), ambos já conhecidos e antigos, embora actualizados por declarações em viva voz de pessoas envolvidas, um tivesse chegado á abertura de noticiários e outro não tivesse sequer entrado neles. Aqui sim, também há muitas perguntas a fazer.

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© José Pacheco Pereira
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