ABRUPTO

25.10.09


COISAS DA SÁBADO: AS ELEIÇÕES MUDARAM TUDO? MUDARAM ALGUMA COISA, MAS MENOS DO QUE SE PENSA

As eleições mudaram a ecologia politica mas não mudaram os actores políticos. Todos estão a fazer o mesmo de antes das eleições, num contexto cuja evolução não dominam e que vêem como uma nova página da mesma situação. Se não existisse esta obsessão com as minudências reais ou inventadas do PSD, teria algum interesse escrutinar o modo como o PS esta' a actuar, assunto aliás, do ponto de vista do interesse nacional, muito mais importante.

Por exemplo, aceitou-se como válida uma iniciativa puramente teatral de José Sócrates, sem nunca se questionar o seu efeito. Essa iniciativa foi a oferta de coligações ou acordos parlamentares a todos os partidos com representação parlamentar. O próprio facto de isso ter sido feito a todos já serve para desconsiderar a validade da oferta, mas, mais do que isso, e' o modo como ela foi feita que mostra que foi apenas show off para consumo mediático. E foi consumida sem espírito critico. Na verdade, se o PS desejasse fazer uma coligação ou um mero acordo, teria escolhido um parceiro ou parceiros privilegiados e depois teria consultado esses parceiros com reserva, em privado e discretamente. O que se passou nas audiências e' puro Sócrates: é para português ver, não é para tomar a serio. O "dialogante" não existe. Sócrates não sabe governar em 2009 a não ser como fazia em 2005, só que vai fazer muitas fitas pelo meio. E ele é bom nisso das fitas e, pelos vistos, nos engolimos a arte de representação. Depois haverá um cheiro de 2008, ou seja, muitos recuos tácticos como aconteceu com a avaliação dos professores. Mas em nenhum caso haverá um Sócrates novo, adaptado a um governo minoritário. O que ele deseja é forçar eleições no tempo que mais lhe convier. Se houver esse tempo.

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© José Pacheco Pereira
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