ABRUPTO

20.9.09


TUDO ESTÁ A MUDAR, TUDO ESTÁ NA MESMA (2):
REGRAS DA CAMPANHA TELEVISIVA



Nada é permanente, salvo a mudança. (Heráclito)

O incidente – Um popular aos berros contra os ladrões dos políticos passa sempre obrigatoriamente na televisão. É tão certo como o tempo andar para a frente. É o must do relato de campanha. Uma novidade: antes gravava-se o incidente quando acontecia, hoje procura-se obsessivamente qualquer inconveniência. O dirigente partidário mais a sua comitiva vão no meio das pessoas, e uma pequena multidão de jornalistas e repórteres não tiram a câmara e o microfone da sua cara. Um popular aproxima-se e toda a parafernália fica entre os dois, sempre a gravar. O objectivo: encontrar qualquer palavra inconveniente, qualquer gesto menos consentâneo, numa gravação em contínuo que impede qualquer contacto genuíno e intimida muitos. A grosseria e a má educação dos jornalistas, atropelando-se uns aos outros e toda a gente para passar à frente, sempre na esperança da desejada inconveniência para gravar, é total. Depois, horas e horas de gravação vão para o lixo, se não houver nada de pitoresco. O jornalismo é de ataque e caça.

(Continua.)

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]