ABRUPTO

20.9.09


TUDO ESTÁ A MUDAR, TUDO ESTÁ NA MESMA (2):
REGRAS DA CAMPANHA TELEVISIVA



Nada é permanente, salvo a mudança. (Heráclito)

Temas – Não vale a pena fazer nada em campanha que não tenha a ver com o pingue-pongue do tratamento jornalístico. Podem-se discutir as coisas mais sérias, a agricultura, a situação económica, a defesa, as relações externas, durante 5 horas que é como se nada acontecesse. Não tem interesse jornalístico, não existe. Os jornalistas podem estar à porta enfadados, mas estão apenas à espera que o dirigente partidário responda a um remoque da véspera ou a uma notícia da manhã. Tudo para ser esgotado em 24 horas, substituído por outro incidente casuístico do mesmo tipo.

Relato jornalístico assente exclusivamente no pingue-pongue - A responde a B e B responde a A, tem notícia certa e depois comentário de denegação também certo: “hoje o dirigente A ou B respondeu a C ou a D, mantendo a polémica do X”. E, depois de se fazer o mal, vem a caramunha: “enquanto os portugueses vêem o desemprego crescer, os políticos trocam insultos...”, ou a variante mais culta em editoriais e debates: “a campanha eleitoral é paupérrima, não se discutem os problemas do país, só há trocas de insultos e incidentes.”

(Continua)

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© José Pacheco Pereira
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