ÍNDICE DO SITUACIONISMO (100): É SEMPRE INTERESSANTE VER COMO ELAS SE FAZEM
A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração. E, nalguns casos, de respiração assistida.
Isto foi escrito e publicado há seis dias (e, imagine-se, o cúmulo da heterodoxia, até reproduzido no site do PSD!) e pelos vistos só agora mereceu notícia no Diário de Notícias, amalgamando parte do seu conteúdo com outra nota no Jamais. Seis dias é um bocadinho lento, não é, ou será para coincidir com a entrevista de Manuela Ferreira Leite? A RTP mostrou um zelo igualmente especial (que espero que continue) e fez logo uma notícia a partir do jornal, nem se dando ao trabalho de ler o original. Também aqui, a coincidência com a entrevista de Manuela Ferreira Leite, certamente por acaso, é muito bem vinda.
Muito obrigado pela dedicação, e, nem que seja daqui a 100 anos, podem sempre citar-me que não faz mal, porque quando escrevo ou digo qualquer coisa, sei muito bem o que faço, as consequências do que digo e tenho mesmo uma ideia de como a comunicação social vai tratar da coisa. Já agora fica aqui o original integral, para quem queira perceber o contexto, que, presumo eu, ainda tem algum significado.
E SE NOS DEIXÁSSEMOS DE TRETAS... publicado por José Pacheco Pereira em 15 Ago 2009, às 11:35
…e se percebêssemos este simples, claro, meridiano facto de que ter mais quatro anos de governo PS - Sócrates é um desastre nacional, um desastre nacional que pode deixar o país estragado para muitos e muitos anos. E se percebêssemos este simples, claro, meridiano facto de que, nem que seja apenas para inverter algumas políticas perversas, que os socialistas irão continuar porque não sabem fazer doutra maneira até o país falir, sem imaginação, nem fôlego, nem dinheiro, já prestamos um grande serviço a Portugal.
Não há razões máximas, gloriosas, teoricamente atractivas, "ismos" perfeitos, não há equipas a reluzir de novo, saídas não se sabe bem donde, não há governos-maravilhas, mas apenas governos-possíveis, não há regenerações de varinha mágica? Talvez. Mas também não há milagres a aparecer pelas esquinas. Não estão cá os nossos amigos, não está cá a nossa tribo, estão cá alguns inimigos figadais? Paciência. Está quem está. E está o país, Portugal, que precisa bem mais da nossa vontade do que das nossas distracções.
Há erros, mesmo erros graves? Certamente que há. Tem que se engolir alguns sapos, para usar a terminologia culinário-diabólica que por aí anda? E depois? Também tive que engolir os meus, mas não me esqueço deste simples, meridiano, claro facto: de que o país está numa situação muito difícil e a mera inversão de algumas políticas que sabemos hipotecarem o futuro, já é um excelente resultado.
Não vos agrada a pessoa A e B, tirariam a pessoa A e B, entendem que A e B são prejudiciais ao partido e que foi um erro de Manuela Ferreira Leite tê-los lá colocado? Acham que eu também concordo, que também gosto, que eu não acho mal? Mas não me esqueço deste simples, claro, meridiano facto de que um novo governo Sócrates significaria um incremento da instabilidade social e um arrastar do país para um cada vez maior endividamento, até o dia em que se vão embora, sem sequer fechar a luz porque são desperdiçados, e deixam uma factura que só com muitos sacrifícios se pode cobrar. Ainda se vai a tempo de travar, depois será muito tarde e com um elevado preço a pagar pelos mais pobres e os que mais precisam. Que são também os que mais precisam de um Bom Governo, mesmo que não seja o Perfeito. Não gostam de Manuela Ferreira Leite? E depois, gostam mais de Sócrates?
Não há razões autárquicas que se sobreponham às nacionais que estão em jogo nas legislativas, não há razões intra-partidárias, questões, questiúnculas, amizades, inimizades, que possam servir de pretexto a que não se tenha em conta a frase de Sá Carneiro que fica bem nas paredes das sedes, mas que se esquece na primeira volta: é o país que está primeiro, e o partido só depois e subordinado ao primeiro. Estamos numa altura em que as mais mínimas das razões são também máximas, se nos desviarem a atenção do que é central em Setembro: mudar o governo, retirar o PS e José Sócrates do poder. No fundo é simples, claro, meridiano, até também é simplex.
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Não é só o Diário de Notícias que só deu hoje conta do seu texto do sábado passado. Nas notícias de última hora do Público vem esta notícia, com a data de hoje (21 de Agosto) às 13:21. Repare que o texto começa por «Pacheco Pereira quebrou o silêncio sobre a controvérsia em torno das listas do PSD para as legislativas». Lá que quebrou o silêncio, quebrou, só que já há seis dias.