ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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3.7.09
No outro dia, no Parlamento, afirmando que o governo e ele próprio nada sabiam sobre o “negócio” da compra de 30% da Média Capital pela PT, o que permitia o controlo da TVI, o Primeiro-ministro manteve uma já habitual relação difícil com a verdade. Nesse mesmo dia, á noite Manuela Ferreira Leite disse, preto no branco, que ele não estava a dizer verdade. Não ouvi uma única pessoa, jornalista ou comentador que não dissesse que era impossível o governo desconhecer tal intenção de negócio, até porque ele tinha sido comunicado na véspera à CMVM e tinha feito a capa de um jornal. O PS ensaiou uma resposta indignada , mas foi sol de pouca dura dado que no fim de semana o Expresso publicou uma capa que dizia que, não só governo sabia, como era mais que evidente, que o sabia desde o início do ano. Depois disso, até os amigos do PS se calaram, certamente convencidos que a mentira era tão evidente, que tentar nega-la só contribuía para escavar novos factos. Não seria difícil eles aparecerem, até porque tudo indica que o “negócio” foi ao ar no exacto dia em que era suposto ser concretizado e por isso muitos interesses estavam a ser afectados e, nestas circunstâncias, os interesses costumam “falar” sob a forma de fugas. Claro que saber se o “negócio” estava ou não concluído deu origem a uma mini-polémica, em que igualmente vários praticantes da arte de tornar plástica a verdade, mostraram as sua habilidades com contradiçõe s flagrantes. Mas não é isso o mais preocupante. O mais preocupante é a indiferença reinante face ao facto de ter sido possível, numa matéria tão importante como esta, se aceitar a mentira flagrante de um governante ao órgão que controla e escrutina a governação, o Parlamento. Pelos vistos os escândalos são selectivos, quando Dias Loureiro se “esqueceu” de umas coisas e teve a mesma plasticidade com a verdade, foi um clamor, justo aliás. Com Sócrates, descontada a duplicidade da partidarite, parece que todos aceitam que os critérios de valor são muito baixos e por isso não se esperava outra coisa. Pode ser assim, mas não é sadio. Sócrates é muito mais importante para a nossa vida de hoje do que Dias Loureiro e o “negócio” que ele tentou ocultar para aparecer como facto consumado é muito mais perigoso do que as aventuras dos offshores de Porto Rico. Só há uma coisa em comum, ambos são muito caros paqa os contribuintes portugueses. (url)
© José Pacheco Pereira
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