ABRUPTO

6.5.09


O BLOCO CENTRAL DOS JORNALISTAS (3)

dsc09681dsc09680A obsessão pela "novidade" (que pode não ter nenhum valor informativo) é um aspecto essencial da agenda dos jornalistas, que flui ao sabor de “novidades” reais ou inexistentes. Se não há “novidade” cria-se ex-nihilo ou, mais comummente, pela interpretação forçada até ao limite. A interpretação forçada é uma das práticas mais comuns do actual jornalismo político, muito para além do "sentido" que se pressupõe legítimo na voz dos próprios. Tudo se passa como se os jornalistas fossem os interpretadores de um mundo freudiano feito de lapsos, cujo sentido profundo só eles conhecem. O ruído é sempre mais forte do que a palavra, uma regra da lei da selva mediática em que se vive.

Enquanto perduram as “novidades” estas não se cansam de ser “novidades” mesmo quando não têm novidade nenhuma. Este surto de “bloco central” é para aí o terceiro nos últimos dois anos, quase sempre com a mesma mecânica, o mesmo desenvolvimento, a mesma ascensão e queda. E os mesmos actores. Voluntários nos jornais, involuntários na política. Depois dá-se o “cansaço” e perde-se a memória, até que o esquecimento torne de novo o tema apetecível dando-lhe "novidade". Nietzsche acharia bem este eterno retorno, sinal de irracionalidade.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]