ABRUPTO

2.5.09


ÍNDICE DO SITUACIONISMO (89):
COMO LIDAR COM SONDAGENS QUE NOS CONTRARIAM



A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

1.
Por poucos minutos, quase poderia dar-lhe um contributo típico da rubrica acerca do situacionismo, mas a situação era tão óbvia que nem valeria a pena chamar-lhe a atenção para ela, pois mais tarde ou mais cedo o Pacheco Pereira iria reparar. Mas entretanto aconteceu algo muito curioso.
Passo então a descrever. Há cerca de uma hora - portanto cerca das 00h de hoje - o site do JN abria com o seguinte título: "PS mais próximo de vencer as europeias". Isto com base na recente sondagem da Universidade Católica, que dá 39% ao PS e 36% ao PSD. Penso ser escusado estar a discutir o mérito do título. O que me faz enviar-lhe o e-mail é o facto de, agora (01h00), a notícia que cito estar completamente desaparecida do site do JN. Foi substituída por outra com um título bem mais compreensível, ainda que muito especulativo: "Sondagem: Vantagem de 3% não é suficiente para tranquilizar socialistas".

Parece que alguém anda a combater o situacionismo lá na redacção do JN... Veremos que título sai amanha na versão escrita e saberemos quem ganhou esta batalha.

Nota: Não posso garantir que o título antigo contivesse exactamente as palavras que coloquei entre aspas, uma vez que não o posso confirmar agora. Mas garanto, sim, que não tinha significado diferente e qualquer diferença é irrelevante.

(Luís António Araújo)
2.

Artigo de jornalista Francisco Almeida Leite (responsável por muito do noticiário político do PSD, pelos "sobe e desce", etc.) no Diário de Notícias:

O que a sondagem da Universidade Católica sobre as eleições europeias revela é uma inesperada proximidade entre PS e PSD. Com o dado adicional deste estudo já ter sido feito com todos os cabeças-de-lista há algum tempo no terreno e a sensivelmente um mês do acto eleitoral.

Os 39% que o PS revela nas intenções de voto são um indicador de que o eleitorado prepara-se para castigar o partido que está no poder, como tantas vezes sucede neste tipo de eleições. Ainda por cima é o momento ideal. Um mau resultado para o partido no poder não leva à queda do Governo, não provoca instabilidade política e, parece dizer a sondagem, só faz bem à saúde do sistema.

Os 36% que o PSD surpreendentemente alcança no estudo são, ao mesmo tempo, um prémio para a prestação de Paulo Rangel - apesar dos inquiridos ainda não o reconhecerem como o rosto do partido nestas eleições - e um cartão amarelo a Manuela Ferreira Leite. Será que um nome ainda mais forte do que Rangel não poderia aspirar a outros voos, vulgo a uma vitória eleitoral?

Vital Moreira não é imbatível, esta sondagem indica-o sem dúvida, mas para isso tem contribuído também o excesso de ruído que grassa na campanha do PS. O secretário-geral corrige o candidato, como foi o caso do apoio a Durão Barroso, o pater familias tolda-lhe o caminho. Mário Soares tem sido, na maior parte dos dias, a voz que se faz ouvir no PS, fazendo de Vital Moreira um mero actor secundário. Há dias em que muitas mentes se podem interrogar sobre quem é, afinal, o cabeça-de-lista do PS: o de 1999 ou o de 2009?

No PSD o problema é o diametralmente inverso: Paulo Rangel está omnipresente. É ele que corrige, comenta e enquadra as declarações da sua líder. Uma última nota à esquerda e à direita: O BE cresce, a CDU desespera e o CDS desaparece.

(Sublinhados meus)

Esta do "cartão amarelo a Manuela Ferreira Leite" só vinda de um "artista português", como o da pasta medicinal Couto.

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© José Pacheco Pereira
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