ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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1.5.09
COISAS DA SÁBADO: O REI ACASO E AS EPIDEMIAS De repente, de um dia para o outro, mesmo de um dia para o outro, existe um grande alarme sobre um novo vírus, o H1N1, que transporta na sua mortal carga genética uma combinação de vírus de aves, suínos e humanos. O facto de ontem adormecermos sem sequer saber que havia tal coisa como o H1N1 e hoje ser a primeira notícia em qualquer jornal e televisão, mostra que estamos mesmo perante uma verdadeira epidemia, pelo menos para já. Ela tem condições para ser rápida e eficaz e, como tudo hoje, voa mesmo em sentido literal. As centenas de passageiros que estão a chegar do México a Lisboa, num daqueles voos charter divertidos de fim de férias, em que ninguém cabe nos lugares do avião tão grandes são os sombreros nas cabeças dos jovens casais que habitualmente vão para estas bandas, podem também transportar o seu alien microscópico na bagagem. Antes havia quarentena, agora será uma medida de último recurso para “não alarmar as populações”, mas que o risco é real, é. Os visitantes da magnífica exposição da Gulbenkian sobre Darwin deviam percebê-lo muito bem: quem nos governa não é o Destino Manifesto, nem uma Grande Plano Divino, nem a imperiosa Necessidade, mas o rei Acaso. Darwin suspeitava mas não tinha a certeza, e Mendel começou a percebê-lo, de que havia uma “mão invisível” que regulava a Natureza e que essa “mão” só cria porque extingue e que o faz ao acaso. E o rei Acaso algures modificou algum material genético das aves, dos porcos e dos homens, e após tentativas e erros, com milhares de mutações caídas pelo caminho na sua ineficácia para se reproduzirem, fez sobreviver um vírus eficaz para nos “constipar” de forma um pouco mais grave a todos e mortal para alguns. Não é novidade, está sempre a acontecer, mas tudo o que podemos fazer é gerir os efeitos, quando temos o saber, remédios, organização, dinheiro e tempo para o fazer. Neste caso, o tempo é crucial e para já está do lado do H1N1. (url)
© José Pacheco Pereira
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