ABRUPTO

30.5.09


COISAS DA SÁBADO: ENGRAÇADISMO A MAIS, CONTEÚDO A MENOS

Uma das coisas que mais irrita um candidato a umas eleições – e tenho a certeza que isto se aplica a Vital, Rangel, Portas – é fazer um esforço sério e genuíno para discutir questões, - na base das suas posições e estratégias, é verdade, mas questões - e ver os relatos da sua campanha substituídos por uma mistura de engraçadismo e de incidentalismo, nos telejornais. Os jornalistas, principalmente da TV, procuram e, quando não encontram, “criam” como o Criador entre o primeiro e sétimo dia, incidentes, coisas engraçadas, gaffes, palavrinhas jeitosas e irónicas para manter um espectáculo. E depois, cúmulo dos cúmulos, criticam os candidatos de não dizerem nada de sério, de terem uma campanha “vazia”, de só trocarem “piropos” e ataques, quando os mestres de ping-pong são eles próprios.

Até eu me irrito por Vital, Rangel, Portas, porque sei que nesta matéria, os políticos são bem melhores do que os jornalistas que cobrem a campanha. Sabem mais, estudaram melhor o assunto, e por eles, discutem e discutiriam muito mais se não estivessem sempre a ser tratados como se tudo fosse uma feira ou uma stand-up comedy. E também sabem que se passarem a campanha a fazer debates políticos (muitos se fazem), discussões sérias (muitas se fazem), desaparecem do mapa televisivo, substituído pelo “popular”, mais boçal que se possa encontrar e a quem se pergunta com má fé o que já se sabe que ele não vai responder.

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© José Pacheco Pereira
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