ABRUPTO

28.4.09


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 28 de Abril de 2009.

Hoje as coisas estão assim: quem manda nas posições dos políticos são os jornalistas. Para os jornalistas, os políticos têm as posições que eles (os jornalistas) dizem que têm e não as que eles (políticos) têm. A sua palavra não vale nada, a interpretação dos jornalistas vale tudo. Há muitas razões para isso acontecer, uma das quais é que os jornalistas têm que ter sempre razão. Uma vez que eles digam que uma coisa é assim, a coisa tem que ser assim, dê por onde der. Outra é que quando não há "novidade", tem que se encontrar alguma coisa para fazer render o produto. E um qui pro quo é sempre excelente, para além de ter a vantagem de não se falar de mais nada, como sejam as as coisas sem "novidade", situação do país, desemprego, maus gastos do governo, empobrecimento dos portugueses, Freeport, etc.

Havia uma actividade que costumava ser criticada por ser assim, a política. Hoje não há nenhuma diferença no terreno "mediático" entre a politiquice e a jornalistice. É o mesmo.

*

Razão tem-na toda o João Gonçalves:
Como era de esperar, aquilo que interessava da entrevista de Ferreira Leite - a explicação de que estamos a fomentar um país irremediavelmente pobre e que o endividamento externo de que não se fala nas tendas da propaganda torná-lo-á ainda irremediavelmente mais pobre do que já é comprometendo, como uma pandemia nacional, o futuro por gerações e gerações - ficou fora das manchetes. O que o lixo tóxico chamado "notícia" quer que conste é, singularmente, que a senhora se "deixou enredar" por causa do "bloco central", que ocorreu um "tropeção na linguagem" e por aí fora. Os serventuários de Santos Silva seguiram aprumadamente as ordens dadas pelo chefe que forneceu logo o mote. Tudo serve para nos distrair do essencial. Coisas de porcos. A peste já cá está.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]