ABRUPTO

27.4.09


ÍNDICE DO SITUACIONISMO (88): COMO SE FAZEM AS COISAS


A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

Como se cria um "facto" que não existe? Está nesta notícia do Diário Económico que se desdiz a si mesma, com um título contraditório com o conteúdo:
TÍTULO: Governo / PSD disponível para acordo com o PS

Manuela Ferreira Leite abriu hoje a porta a um entendimento com o PS na próxima legislatura.

"Sentir-me-ia confortável com qualquer solução em que acredite que a conjugação de esforços seja coincidente, no sentido daquilo que melhor sirva os interesses do país", disse a líder do PSD à SIC.

Contudo, Manuela Ferreira Leite disse à Lusa, na sequência da entrevista à SIC, que a hipótese de admitir um Bloco Central é "uma interpretação abusiva" das suas palavras.

"É uma interpretação abusiva porque como é sabido sempre recusei a hipótese de um governo de Bloco Central", afirmou a presidente do PSD.
ADENDA: A facilidade com que os jornalistas alimentam uma interpretação, e uma "notícia" baseada nessa interpretação, que sabem ser falsa, insisto, QUE SABEM SER FALSA, ou que, pelo menos, justificava uma pergunta de esclarecimento suplementar, é um dos mecanismos que revelam não só a mediocridade do jornalismo político actual, como a sua agenda. Não é segredo para ninguém que uma das etiquetas que sempre se quis colar a Manuela Ferreira Leite e ao PSD é a do "bloco central", no mesmo exacto sentido pejorativo que o Bloco de Esquerda dá a essa expressão. Diga o que disser, basta a mais pequena possibilidade de se fazer uma "interpretação forçada" e viciada, e lá vai tudo pela interpretação atrás para criar um "caso". A patrulha nos jornais e nos blogues seguirá o rebanho, igualmente a dizer "eu sempre disse que..." Pois disse, só que Manuela Ferreira Leite nunca o disse e tem-no sempre negado com vigor. Mas com ela há sempre uma fábrica de "casos", não há jornalismo.

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© José Pacheco Pereira
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