ABRUPTO

7.2.09


POEIRA DE 7 DE FEVEREIRO

Hoje, há trinta anos, um bloco de gelo, rocha e metano, o planeta anão a que chamamos Plutão, entrou silencioso, pela primeira vez desde que foi descoberto, no interior da orbita de Neptuno. Vinte anos depois saiu de lá, tão silencioso e frio como entrou. Mal sabia Plutão que iria, anos depois, receber uma daquelas setas para baixo nos jornais e perder a categoria de planeta, remetido na sua fria escuridão para ser apenas mais um dos objectos da cintura de Kuiper, os restos da construção do sistema solar, a selva de pedras e gelo que não foi precisa, o sítio onde a luz do Sol quase que se despede de nós. Agora, classificado junto com Haumea e Makemake, ele foi afastado da família original e tem que confrontar a sua dignidade de deus greco-romano com umas divindades polinésias que ninguém conhece. O destino também é cruel para os planetas e a cultura clássica está notoriamente em crise.

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© José Pacheco Pereira
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