ABRUPTO

13.2.09


ÍNDICE DO SITUACIONISMO (40): UM BOM EXEMPLO


A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

O programa Nós por Cá da SIC (de hoje) deu um bom exemplo do escrutínio que se deve fazer às medidas do governo e apanhou outra caso de pura propaganda. E de desperdício de dinheiros públicos, acrescento eu. Conceição Lino, intrigada pelos reclames de página inteira que apareceram na imprensa a anunciar os benefícios do programa de incentivo às energias renováveis, com 50% de desconto na compra de painéis solares, pretendeu saber o que tinha que fazer para obter tal benefício. No reclame, não havia nenhuma indicação concreta, a não ser a assinatura do Ministério da Economia. Telefonaram ao dito Ministério e seguiu-se uma conversa bizarra, em que se percebeu de imediato que uma coisa foi o Primeiro-ministro aparecer a anunciar a medida com pompa e circunstância, outra a campanha publicitária que já estava preparada para acompanhar o discurso de José Sócrates, e outra, muito diferente, a preparação da medida. Ficou-se a saber, após muitas perguntas, num diálogo de surdos, que se devia ir aos bancos em Março, como e porquê não se sabe. Imaginem que eu quero comprar os painéis e pagar com dinheiro meu, sem pedir empréstimos, como devo fazer? O que acontece é que estes reclames são pura propaganda, porque não servem para informar ou dar eficácia à medida, visto que saem muito antes de estar montado o esquema para a sua materialização. Quem os vê e pretende aproveitar a campanha, - o efeito ideal de uma boa publicidade -, defronta-se com o nada. A razão da antecipação dos reclames é apenas acompanhar o primeiro-ministro em mais um anúncio com aparato de propaganda. O mais provável é em Março ter que se repetir a campanha. E gastar mais dinheiro.

. SITUACIONISMO - 4

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© José Pacheco Pereira
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