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(JPP)
BIOGRAFIAS DO NADA: "QUERIA COISAS MAIS DIRECTAS"
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A mania muito portuguesa do
dropping names para mostrar cultura dá como resultado o Concerto para Violino de Chopin e as mesas de cabeceira sempre cheias de Eça de Queiroz. Passos Coelho em mais uma entrevista do nada, - o mais significativo da entrevista é o acto de dá-la na pose de "candidato" -, resolveu atribuir-se também uma biografia do nada. Esta lista de leituras tem um pequeno problema para além da sua implausibilidade, é que não existe nenhuma
Fenomenologia do Ser de Sartre, que eu saiba. Basta percorrer
a lista de obras de Sartre para ver que não há nenhum livro com esse título, a não ser que seja um obscuro artigo que desconheço. "Fenomenologias" só conheço as de Hegel e de Husserl, nenhuma das quais na sua espessura e linguagem são livros que alguém, a não ser os especialistas de filosofia, podem dizer ter "lido". O subtítulo do
O Ser e o Nada de Sartre é "Essai d'ontologie phénoménologique" e remete para a obra de Heidegger que também tem lá um "ser", mas, de novo, nenhuma destas obras são algo que alguém diga que se senta numa cadeira, pela fresca da tarde, a ler os "tijolos" de Sartre e Heidegger, porque tem "interrogações existenciais". Só quando não se faz a mínima ideia do que são estas obras, é que se pode falar assim delas, mesmo das inexistentes.